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25 de novembro de 2007

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Alterglobalización

O caldeirão do diabo mundial


Luís Nassif
La Insignia. Brasil, novembro de 2007.

 

Os Estados Unidos têm quatro problemas simultâneos: uma crise financeira (que se revelou com a quebra do chamado crédito "subprime"), uma crise do dólar (que está se desvalorizando continuamente), uma crise nas contas externas e um problema com inflação.

O FED (o Banco Central americano) decidiu reduzir os juros. Ao fazê-lo, ajuda a combater a crise do crédito e das contas externas. O dólar mais barato facilita as exportações e dificulta as importações. Por outro lado, abre espaço para um aumento da inflação, porque dólar desvalorizado significa aumento (em dólares) nos preços dos produtos importados. Além disso, ao reduzir os juros, há um estímulo para investimentos especulativos em algumas commodities (como o petróleo), pressionando adicionalmente a inflação.

Mas não se fica nisso. À medida que o dólar vai se desvalorizando, aumenta o risco de um efeito-manada - uma fuga de recursos em direção a moedas mais estáveis. Para impedir a queda do dólar, os Bancos Centrais de diversos países (União Européia, China, Brasil) adquirem cada vez mais dólares e aplicam em títulos do tesouro americano. Para fazer isso, emitem títulos do próprio país para, com os recursos, adquirirem os dólares.

Quanto mais o dólar cai, maior é o custo de carregar essas reservas, já que elas se desvalorizam (porque aplicadas em dólares) em relação aos títulos de cada país. Chega uma hora que esse custo se torna proibitivo.

Não parou o jogo. Quando o dólar se desvaloriza, muda o panorama do comércio mundial. Os EUA passam a buscar fatia maior do comércio, exportando mais e importando menos. Como o bolo é um só, alguém vai pagar a conta.

A conta será paga pelos países que estão mantendo suas moedas valorizadas. Segundo o FMI: União Européia, Brasil e Canadá. A China já avisou que não abre mão das exportações. Tanto que, necessitando conter seu crescimento, em vez de aumentar os juros (o que poderia valorizar a sua moeda) preferiu proibir os bancos de aumentarem os empréstimos. Ou seja, dois leões à solta no mundo.

Uma das operações mais utilizadas pelos chamados "hedge funds" (fundos que fazem grandes aplicações especulativas) consiste em tomar recursos em países com juros mais baixos para aplicar em países que pagam juros mais altos (como o Brasil). Só que a aceleração da queda do dólar poderá deixá-los em uma sinuca: os juros recebidos não serão suficientes para compensar a perda de valor do dólar.

Pensa que o jogo acabou? Ainda não. Nesse momento, países da OPEP (Organização dos Países Produtores de Petróleo) estão analisando a possibilidade de diversificarem suas aplicações, saindo do dólar. Aí entram as implicações geopolíticas. As alianças políticas (Arábia Saudita com EUA) passam a falar mais alto do que as questões financeiras. E há vários pontos de tensão política no mundo.

Em suma, a economia mundial entrou em um processo de disfuncionalidade flagrante, fruto da extraordinária liberalidade com que foram tratados os grandes fluxos especulativos de capital.

 

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