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3 de junho de 2007 |
Fernando Soares Campos
Pau Grande é um distrito do município de Magé, na Baixada Fluminense. Foi lá que nasceu Manoel Francisco dos Santos, que pouca gente sabe quem é, mas que qualquer pessoa logo identifica se alguém explicar que se trata de Mané Garrincha, o cara que, com a magia dos seus dribles, fazia o adversário cair de quatro. Porém, nessa posição, ele preferia o mulherio que o assediava. Dizem que nem tanto por defender brilhantemente o Botafogo e a seleção brasileira, mas exatamente por ser de Pau Grande. No lugarejo, os moradores que não trabalham nas repartições públicas dos municípios da Baixada Fluminense labutam nos camelódromos da região, ou chacoalhando nos trens da Leopoldina. Entretanto poucos dos que estão na ativa se aventuram a entrar no Bar Nostalgia, pois o estabelecimento funciona praticamente como um clube privado de aposentados. O boteco, como quase todos da região, mantém um aparelho de televisão permanentemente ligado, no qual a clientela só assiste a partidas de futebol e telejornais. Na última segunda-feira, pela primeira vez o noticiário das oito parecia ter mais importância que o dominó. A principal notícia daquela noite gerou intensa discussão entre os freqüentadores do bar. Dioclécio, de apenas 62 anos (o mais novo entre eles), tinha uma tese sobre a implicação do senador Canalheiros com a jornalista Mímica Vellaska. Para ele tudo tem explicação e, mais cedo ou mais tarde, o misterioso caso será esclarecido. Seu Altino, 79, o mais velho entre os aposentados freqüentadores do Nostalgia, ex-locutor da emissora de rádio mais famosa da Baixada, garantia que tudo aquilo não passa de enganação:
- Eu não acredito numa só palavra desse cara! Otávio, que acabara de chegar, ouviu o final da discussão e quis saber:
- Então vocês acham que o senador Canalheiros não vai provar que a grana que ele mandava pra conta da jornalista Mímica Vellaska saía de sua própria conta. É isso? Todos se entreolharam, olharam para o recém-chegado e em seguida para Seu Altino, como se o elegessem para responder a Otávio. Muitos concordaram:
- Garrincha não era bonitão, é verdade... O velho Altamiro, encostado no balcão, tomou o rabo-de-galo de um só gole e entrou na conversa:
- Peralá! Garrincha não era o tipo galã de novela! Mas Garrincha era de Pau Grande! Honório, dono do Bar Nostalgia, pegou o controle remoto, apontou-o para o aparelho de TV e clicou em desligar. Fez-se um tremendo silêncio no boteco. Usando o pano que sempre trazia pendurado no ombro, Honório limpou a tampa de uma velha vitrola e abriu o trambolho eletrônico. Escolheu um disco de Nelson Sargento, passou o pano nos dois lados, ajeitou os velhos óculos, franziu a testa, aguçou a vista e leu o repertório. Colocou o disco na vitrola e abriu o volume. O boteco se encheu com os acordes do violão de Nelson Sargento. Em seguida toda Pau Grande estava ouvindo a faixa "Falso amor sincero":
O nosso amor é tão bonito Os fregueses do Bar Nostalgia ouviam em silêncio. Todos se lembravam de Mané Garrincha, que, como todo mundo sabe, era de Pau Grande!. |
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