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10 de janeiro de 2007 |
A economia e o câmbio
Luís Nassif
O que aconteceria com a economia brasileira em caso de uma desvalorização do real, como ocorreu em 2002? A resposta pode valer três pontos a mais no PIB por ano; ou a volta da inflação.
Para muitos, será a única maneira de dar um choque de demanda capaz de devolver o dinamismo à economia - pelo aumento da competitividade das exportações de manufaturados (que emprega mais mão de obra), e pelo aumento da competitividade da produção interna, vis-a-vis as importações. Mas os riscos são óbvios. O jogo de xadrez é a melhor representação da economia. Cada movida de peça altera completamente o equilíbrio interno. Após o lance, o jogador consegue prever um número determinado de jogadas. Se tentar imaginar como será o jogo, até o final, empaca. Jamais irá conseguir a segurança absoluta. Por isso mesmo, xadrez e economia exigem imaginação para enfrentar os problemas decorrentes do lance, e novas posições estratégicas frente aos seus desdobramentos. Vamos a algumas conseqüências, compiladas de forma ligeira: Especulação cambial: pouca possibilidade. Em 2002 as contas externas estavam desequilibradas. Bastava as taxas de juros internas ficarem inferiores às externas, ou aumentar a percepção de risco internacional para os dólares sumirem. Agora, se tem uma situação externa confortável. Juros: em um primeiro momento, haveria aumento de preços dos produtos comercializáveis (aqueles cujas cotações são fixadas internacionalmente). Para combater esse surto, o Banco Central teria que aumentar provisoriamente as taxas de juros, até os preços se estabilizarem no novo patamar. Mas haveria risco de aumentar o ingresso de dólares, para ganhar com os juros, o que poderia provocar nova apreciação do real. Para abortar esse movimento, o BC teria que impor alguma restrição à entrada de novos capitais. Contratos: haveria explosão nos reajustes de contratos corrigidos pelo IGP-M, como as dívidas estaduais federalizadas. A medida exigiria mudança prévia em todos os contratos indexados ao IGP-M. Dívida pública: não haveria mais o impacto cambial sobre o montante da dívida, devido à sua desdolarização nos últimos anos. Mesmo assim, sem mudança no prazo de vencimento da dívida o movimento de fuga dos papéis pré-fixados impactaria a estrutura de juros e a composição da dívida. Teria que haver passos prévios nessa área. Alarido do mercado: seria intenso, mas de duração limitada. A psicologia do mercado é simples e objetiva: na véspera, berre como se o mundo fosse acabar; com o fato consumado, se adapte o mais rápido possível ao novo cenário. Principalmente se as contas externas estiverem em ordem. Investimento: o preço do equipamento depende da capacidade de pagamento do comprador. Se uma desvalorização aumentar a produção, poderá mais do que compensar o aumento nominal do preço do equipamento importado. Essas são alguns dos desdobramentos possíveis de uma desvalorização. Mas obviamente o resultado final dependeria fundamentalmente da capacidade operacional do governo, e do sangue frio para enfrentar a histeria inicial. Esse sangue frio é prerrogativa dos grandes estadistas. Ou dos loucos incuráveis. |
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