6 de dezembro del 2007
Como vêem, os jornalistas escrevem com uma ligeireza incapaz de ser imitada por qualquer símio. Notem, já no primeiro parágrafo: "Agora eles", os chimpanzés, of course, "mostraram que podem ser ainda melhores que nós, ao menos quando o assunto são números". Não sei se o analfabetismo científico se tornou uma praga em todos os hemisférios cerebrais dos jornais. Isso porque os despachos de agências noticiosas confundem a sucessão, a contagem de 1 até 9, com a própria capacidade humana de compreender universos maiores que essa contagem. Não sei, a evolução humana da matemática nos perdoe, mas ... não compliquemos. Adiante, porque em outra agência a derrota humana foi bem mais eloqüente:
Não sei se o racional, supondo-o assim, que escreveu o título acima, conseguiu ler ou, menos, ou mais, a esta altura não sei, não sei se o autor do título imagina que exista uma obra chamada Em busca do tempo perdido, a melhor coisa que já se escreveu sobre a memória até hoje. Um pouco menos, digamos então: não sei se os jornalistas nas agências de notícias desconfiam que a memória humana venha a ser um pouco mais complexa que o recordar uma sucessão numérica em uma tela. Que ela, memória, alcança a história, não exatamente a historinha que periodistas contam todos os dias, mas uma História que vai além e aquém de um teste em Tóquio.
Mas não compliquemos, porque, nesse particular de alumbramento diante das capacidades cognitivas dos macacos, o cientista-chefe não lhes ficou atrás, dos jornalistas, devo acrescentar. Assim escrevo porque assim se expressou Tetsuro Matsuzawa, o pesquisador de surpreendente inteligência: "Ninguém poderia imaginar que chimpanzés - chimpanzés jovens, de 5 anos de idade - tivessem uma performance melhor que seres humanos em tarefas de memorização". Ninguém, vírgula, Doutor Tetsuro. A julgar pela qualidade da notícia, os chimpanzés já imaginavam. Esperavam apenas que algum símio o proclamasse.