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17 de setembro de 2005 |
Harmonie Toros
Grupos ambientalistas exortaram o Banco Mundial a reconsiderar seus novos parâmetros ambientais para medir a pobreza e a riqueza nas políticas que a instituição promove em países em desenvolvimento. Os grupos reagiram diante de um relatório do Banco que apresenta um novo método para determinar quem é rico e quem é pobre, que inclui as riquezas natural e humana, e não somente o produto interno bruto e outros indicadores econômicos tradicionais. "Exorto o presidente do Banco, Paul Wolfowitz, a não se limitar à divulgação deste documento, mas considerá-lo e fazer com que influa no desenvolvimento", disse Achim Steiner, da União Mundial para a Natureza (UICN). A medição da pobreza e da riqueza é fundamental para a tarefa da Cúpula Mundial que acontece na sede da Organização das Nações Unidas em Nova York, que deve avaliar os avanços rumo aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estabelecidos em 2000 pelos 191 países-membros. O primeiro destes objetivos é reduzir pela metade a proporção de pessoas que vivem na pobreza extrema e na fome até 2015. O sétimo é "garantir a sustentabilidade ambiental", definida como a recuperação das perdas de recursos naturais, também no mesmo prazo. "Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio tratam de criar riqueza. Se não a medirmos bem, não poderemos manejá-la bem", alertou Ian Johnson, vice-presidente do Banco Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, ao apresentar na véspera de abertura da Cúpula o informe "Onde está a riqueza das nações? Medindo o capital no século XXI". Segundo o documento, governos e organizações internacionais devem começar a calcular o esgotamento de recursos e o crescimento da população, entre outros fatores, para ter uma visão mais completa da riqueza de um país e compreender cabalmente os custos ambientais das decisões sobre desenvolvimento. Sem estes indicadores, os líderes correm o risco de "saber o custo de tudo e o valor de nada", disse Johnson, citando o escritor Oscar Wilde. O novo conceito de riqueza inclui capital produzido, capital natural, recursos naturais como cultivos e pastagens, e capital intangível, como governabilidade, as habilidades e os conhecimentos especializados. Os três tipos de capital estão estreitamente vinculados, disse Wangari Maathai, prêmio Nobel da Paz em 2004 e vice-ministra de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Quênia. "As pessoas sem habilidades, crenças nem valores são pessoas que não crêem em si mesmas. Portanto, têm uma grande dependência dos recursos naturais, porque é a única riqueza que têm", explicou. A nova fórmula pouco muda do que já se conhece sobre a distribuição da riqueza mundial: Os 10 países no alto da lista são todos altamente industrializados e incluem Estados Unidos, Japão e países da Europa ocidental, enquanto os 10 últimos pertencem todos à África subsaariana, exceto o Nepal. Além disso, os países de baixa renda estão perdendo riqueza, em geral, enquanto os de alta renda estão enriquecendo, observou Kirk Hamilton, principal autor do informe. A brecha é abismal. A riqueza por habitante dos 10 países mais ricos varia de US$ 451.714 a US$ 648.241, enquanto a dos 10 países mais pobres varia de US$ 1.965 (Etiópia) a US$ 5.020 (Madagascar). A Etiópia é, segundo este indicador, o mais pobre dos 120 países estudados pelo Banco Mundial. Segundo Maathai, a maioria dos governos não percebe que o desenvolvimento não pode estar separado da política ambiental. "É uma lástima que os ministérios mais importantes sejam sempre os da Defesa e das Relações Exteriores, quando o novo inimigo é a destruição do meio ambiente", disse. Achim Steiner, diretor-geral de uma rede de conservação ambiental que inclui governos, agências governamentais e ONGs, exortou o Banco Mundial a incluir os novos parâmetros nos Documentos de Estratégia da Luta contra a Pobreza, as contas nacionais e as políticas setoriais que a instituição propõe. A ONU também se propôs a melhorar a forma de contabilizar o esgotamento natural e com esse objetivo estabeleceu uma comissão para elaborar uma norma estatística universalmente aceita, antes de 2010, explicou Alessandra Alfieri, da divisão de estatísticas das Nações Unidas. Peter Seligmann, do grupo norte-americano Conservation International, considerou desnecessária essa quantificação. Seria melhor que em seu próximo relatório o Banco Mundial calculasse "quanto custará às futuras gerações esgotar o que temos agora", afirmou. (*) Este artigo foi produzido pelo jornal Terra Viva sobre as Metas do Milênio. |
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