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La insignia
27 de novembro del 2005


Ilhas Galápagos: A seleção natural é veloz


Francesca Colombo (*)
Tierramérica, novembro de 2005.


O casal Rosemary e Peter Grant, ambos com 69 anos, têm seguido os passos de Charles Darwin nas Ilhas Galápagos desde 1973. Por meio de metódicas medições de bicos dos tentilhões e do estudo de seus cantos, durante várias décadas, documentaram a velocidade com que se manifesta a seleção natural. Seu objeto de estudo foram cerca de 25 gerações de tentilhões (19 mil animais) de 14 espécies da Ilha Dafne do Arquipélago de Galápagos, situado a mil quilômetros da costa continental do Equador, no Oceano Pacífico. "Demonstramos três questões. A primeira é que o processo de seleção natural é mais rápido do que julgava Darwin. Descobrimos a quantidade de variações genéticas na forma do bico e do corpo das populações naturais", disse Peter Grant (Grã-Bretanha, 1936). "Em segundo lugar, documentamos o mecanismo pelo qual as diversas populações de tentilhões podem ficar isoladas na reprodução e se converter em novas espécies e, em terceiro lugar, que as 14 espécies de Galápagos evoluíram de um tronco comum que chegou às ilhas há dois ou três milhões de anos", resumiu Grant.

Por este trabalho de quase todas as suas vidas, receberam no dia 11 de novembro, na cidade suíça de Berna, o Prêmio Balzan 2005 na área de biologia da população, que premia a excelência científica e sua contribuição para o mundo. "Os dois estudiosos explicaram o mecanismo pelo qual nascem novas espécies e como a diversidade genética se mantém nas populações naturais. O trabalho dos Grant é o mais significativo estudo sobre a evolução nas últimas décadas", disse a Fundação Internacional Balzan, responsável pela entrega do prêmio. Ambos são biólogos e professores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, autores de vários livros e protagonistas de O Bico do Tentilhão, de Jonathan Weiner, que ganhou o Prêmio Pulitzer em 1994. A pesquisa dos Grant, que também são fundadores da Estação Científica Charles Darwin de Galápagos, demonstrou que as rápidas mutações nas dimensões do corpo e do bico dos tentilhões, em resposta à disponibilidade dos alimentos, são guiadas pela seleção natural.

O conceito de seleção natural -parte da teoria da evolução de Darwin- afirma que as condições do ambiente determinam a eficácia de certas particularidades em alguns organismos para sua sobrevivência e reprodução. Os Grant observaram, por exemplo, que nos anos de seca (como 1977), com a redução das provisões de sementes que serviam de alimento aos tentilhões, a seleção natural favoreceu aqueles com bicos maiores e penetrantes, enquanto muitos dos tentilhões menores não conseguiram sobreviver.

Porém, esta situação mudou com os fortes aguaceiros provocados pela corrente climática El Niño, em 1982. As chuvas deixaram sementes pequenas que foram o alimento dos tentilhões menores, mais privilegiados, naquele momento, do que seus "irmãos" de bicos grandes. "Nossa pesquisa estudou o processo dessas adaptações e estabelecemos que essas mudanças se fizeram em poucos anos e que são estapas para se produzir novas espécies de aves", explicou Rosemary Grant (Escócia, 1936), entrevistada também em Berna por ocasião de sua premiação. Os cientistas não apenas continuaram o trabalho de Darwin (1809-1882), como também confirmaram sua hipótese. A bordo da embarcação HMS Beagle, Darwin visitou o Arquipélago de Galápagos, em 1835, e deduziu que as diversas espécies de tentilhões com bicos diferentes eram resultado das condições ecológicas locais e da seleção natural.

Essas teorias sobre a formação de novas espécies se converteram na tese central de sua famosa obra A Origem das Espécies, publicada em 1859. Os biólogos estudaram as 14 espécies de Darwin, que incluem tentilhões arbóreos pequenos (Camarhynchus parvulus), tentilhões vampiros (Geospiza scandens), tentilhões vegetarianos (Platypiza crassirostris) e de cactus (Geospiza scandens), entre outros. Para eles, os tentilhões de Galápagos (machos negros, fêmeas marrons), que vivem nas árvores e comem insetos ou no solo e comem sementes e flores, foram objetos perfeitos para seu estudo devido à simplicidade de seu hábitat inalterado.

"As mudanças no meio ambiente e a influência das correntes El Niño e La Niña conferem a este hábitat uma situação muito especial. Os tentilhões estão presos por estas condições e suas mudanças ocorrem mais rapidamente", disse Peter Grant. Além disso, os Grant demonstraram que estas espécies são descendentes de um tronco comum que chegou a Galápagos dois ou três milhões de anos atrás, e identificaram o gene Bmp4, que influi no desenvolvimento do formato do bico. Este gene poderia ter um papel importante na evolução destes pequenos pardais. Os Grant, que vivem nos Estados Unidos mas voltam continuamente às ilhas, planejam continuar seus estudos em janeiro, em Galápagos, onde vive sua filha Thalia, também bióloga e ilustradora de temas científicos.


(*) A autora é colaboradora do Terramérica.



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