Mapa del sitio | Portada | Redacción | Colabora | Enlaces | Buscador | Correo |
19 de maio de 2005 |
Luís Carlos Lopes
Os argumentos ad hominem são inaceitáveis em uma discussão civilizada de idéias. Os que os usam freqüentemente estão contaminados por uma perspectiva, onde a pessoa é o alvo, por se confundir com o que pensa. Seus defensores não desejam persuadir pela lógica e força das idéias, querem humilhar e vergar o contendor sem clemência ou compaixão.
Para se chegar a uma condenação de alguém deveria ser preciso reunir provas contundentes do poder ofensivo (prático) de suas idéias. Se isto não é feito, este gênero da argumentação confunde-se com as práticas inquisitoriais e com as modernas perseguições ideológicas. Sou contra porque sou, isto é, não tenho uma argumentação convincente que explique as razões do meu repúdio e ódio a tudo que se refere ao outro. Este outro pode ser qualquer coisa sobre a qual seja fácil falar, porque o auditório já tem opiniões similares. Imaginando-se que não há como convencer, a argumentação transforma-se em uma arma destinada a ferir e destruir o adversário. Quando se acredita na prevalência da lógica democrática, parte-se do princípio de que há espaço possível de diálogo e de troca. Argumenta-se, considerando o que o outro pensa, aprendendo com o adversário e tentando convencê-lo que existem outros caminhos e modos de pensar. Nas mídias brasileiras já é uma tradição o surgimento esporádico de articulistas raivosos que criticam a tudo e a todos. Pouco elegantes, debocham da seriedade dos que não se deixam contaminar e chamam todo mundo para terçar armas. Não raro, são arrogantes e autoritários, inspirando-se em matrizes criptofascistas. Obviamente, nada assumem de modo claro. Falam dos outros, jamais de suas crenças profundas. Não esclarecem suas preferências políticas e filosóficas, mas atacam as de todos, sempre de modo superficial e sem qualquer rigor. Trata-se de personas midiáticas capazes de escrever e/ou falar razoavelmente, sem nenhum talento literário mais expressivo. Conseguem, com uma boa estratégia de marketing, atraírem à atenção de outros que se dividem entre o amor e o ódio a 'heróis' fugazes do pálido campo argumentativo das mídias brasileiras. Avessos à empatia, primam pela antipatia aos que os compreendem e pela conquista da simpatia de seus devotos. Da internet, dos jornais e das revistas ou de programas cults da televisão, chegam ao mercado do livro. Mas raramente fazem o caminho inverso. São produtos do e para o mercado. O que talvez eles não saibam é que, enquanto produtos, têm datas de validade e preço em código de barras tatuados em suas peles. Quando eles menos imaginarem, serão descartados por razões pífias e sem qualquer explicação racional. |
|