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30 de junho de 2004 |
Euforias e desencantos do tempo presente
Luís Carlos Lopes
É próprio da natureza humana achar o tempo em que se vive difícil, ‘bicudo’ como dizem alguns. Se buscarmos, acharemos períodos de euforia e de desencanto registrados pelos homens nas mais variadas épocas. A literatura humana é pródiga em oscilar como as palmeiras ao sabor do vento, quanto ao humor dominante em cada época. As variações indicam, outrossim, a identidade histórico-social de quem veiculou ou veicula o sentimento do mundo.
Em todas as épocas, achar-se-ão os que se sentem bem ou mal, dependendo da posição que ocupam. É bem verdade que para os mais oprimidos, os momentos de euforia são sempre muito breves e os males sem fim são as regras da vida. Mesmo eles vivem momentos onde o céu fica mais limpo e parece que a vida vai melhorar. O fim de uma guerra ou de uma ditadura, a eleição de um político populista que diz ao povo que tudo vai ser feito para que se viva melhor, o povo na rua unido, algumas vezes vencido outras, vitorioso, as festas populares, etc, são fatos que podem gerar a felicidade momentânea ou a ilusão da chegada ao paraíso. Diz o antigo ditado, depois da tempestade vem a bonança. Esquece o redator das ilusões perdidas, que depois da bonança, a tempestade pode ou não voltar, e se voltar poderá ser mais furiosa ou mais doce. Não há como saber... a não ser vivendo. Somos condenados a viver o mel e o fel, sem desistir de continuar a interpretar o mundo, ao mesmo tempo, tentando compreender a nós mesmos. Até porque, o mel nem sempre é dulcíssimo e o fel pode não ser tão amargo, impossível de digerir e de ser transformado em excrementos. Existem coisas terríveis no mundo do qual fazemos parte. A miséria, a ignorância, a guerra e a opressão rondam de modo macabro a totalidade da espécie humana. Em alguns lugares, estas forças anti-humanas manifestam-se de modo brutal, em outros nem tanto ou são um risco em potencial, tal como um dique marítimo prestes a se romper. O nível médio de possibilidades efetivas de vida digna está em baixa por toda parte. Obviamente, o que está ocorrendo nos países mais ricos ainda não é comparável à realidade dos mais pobres. Mas os problemas são muitos. O quadro social vem se agravando, assim como a diminuição dos direitos e das possibilidades de trabalho. A ofensiva neoliberal ganhou contornos universais. Salve os que resistem e que sejam abominados os que fingem resistir, transigindo e fazendo o jogo dos inimigos da humanidade. Não é difícil vê-los por aí. Alguns fingem bem, outros nem tanto, nem precisam, por estarem em posições de poder. A impostura pode ter vida longa, mas um dia será desmascarada. Basta não ser mais útil, especialmente, quando se trata de servidão voluntária. |
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