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29 de setembro de 2002 |
Eixo Brasilia, Caracas e Havana
La Insignia. Brasil, setembro de 2002.
Os principais jornais do Brasil estampam em suas páginas as
articulações de setores golpistas na Venezuela para tentar derrubar Hugo
Chaves antes da vitória de Lula, temerosos de um "eixo Brasília, Caracas
e Havana".
Essa manifestação das catacumbas fascistas que habitam a América Latina, estende-se ao Chile, onde o governo do presidente Lagos não pode, por força de dispositivo constitucional, demitir o comandante da Forças Aérea. Tem mandato. Resquício da ditadura, blindagem para os chefes militares. Permeia todo o conjunto de nações da América do Sul, estende-se à América Central (exceto Cuba) e transformou o México em algo pior que depósito de lixo dos Estados Unidos. O Instituto "Data Folha" divulgou os dados de sua última pesquisa, realizada com 6 mil eleitores aproximadamente, pouco mais, na quinta e na sexta feiras. Lula tem 45% das intenções de voto. Serra mantém os seus 19%. Garotinho aparece com 15% e Ciro Gomes fica com 11%. Lula está a um ponto percentual de vencer as eleições no primeiro turno. É difícil, neste momento, tentar adivinhar ou antecipar qualquer resultado. Prognósticos serão como palpites lotéricos. De qualquer forma há uma tendência acentuada de liquidar a fatura logo no primeiro turno, dentro de uma semana. Uma espécie de onda. Lula começa a receber adesões de todos os lados, inclusive de candidatos do partido de Garotinho, o PSB (Partido Socialista Brasileiro) e principalmente, do PMDB que, em tese, apoia José Serra. A onda anti Lula, por outro lado, ganha força nos boatos que varrem o País, como em todas as campanhas, vindos acima de tudo das bases de Garotinho, boa parte das igrejas evangélicas no Brasil. Candidato e pastores transformaram a campanha de Garotinho em luta religiosa e mobilizam em nome de Deus todas as forças que possam dispor. Guarda semelhança, no ridículo perigoso, com a história de "eixo do mal". É a preocupação de um atônito e desatinado José Serra que iniciou seu último programa em rede nacional afirmando taxativamente: "já estamos no segundo turno". Mera questão tática. Não pode afirmar, ninguém pode, se vai ou não haver segundo turno. E algumas pesquisas que circulam com caráter extra oficial indicam que há empate entre ele e Garotinho. De todos os fatos que acontecem em velocidade vertiginosa, de todo o volume de informações que deixa qualquer analista ou pretenso analista mergulhado num mar de notícias que não pode precisar se corretas ou não, uma certeza: Lula é o alvo. O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, sobrevivente do nazismo, banqueiro, com um apropriado apelido, "Alemão", começa a pressionar bases do partido para que não votem em Lula e fala em sair do País se o petista ganhar. A música nessa semana última vai ter esse diapasão: tentar a todo custo evitar a vitória de Lula no primeiro turno e buscar condições de reverter o quadro no segundo. Garotinho ao entrar e embolar o meio de campo, atrapalha, joga boa parte das elites para Lula. É fácil imaginar o que está rondando a cabeça da direita venezuelana: a vitória de Lula no Brasil cria condições objetivas para que Chaves faça a travessia de um período difícil. Pelo menos em tese. Consiga consolidar seu governo e avançar em seu projeto. Resta saber se o Lula presidente vai conseguir superar os obstáculos deixados pelo desgoverno de FHC, tanto quanto impedir que as hienas que correm a aderir ao seu projeto light, de caráter reformista, transformem-no numa versão brasileira do ex presidente argentino Fernando de La Rua. São riscos que o candidato deve ter calculado, pensado, pesado e há que haver uma estratégia para enfrentá-los. Como está, com histórias como essa de golpistas na Venezuela. Com Bush cada vez mais furioso, incontrolável em sua loucura terrorista. Com banqueiros sempre banqueiros ("o que é um assalto a um banco diante de um banco", disse Lênine), a ALCA e a cessão da base de Alcântara como espadas prontas e perfurarem a garganta do candidato quase presidente, se não houver estratégia está frito. E toda a esquerda. É hora de começar a pensar nisso. Mesmo que essa discussão seja a que os analistas costumam referir-se como a do "day after". Lula vai para o governo, admitindo como certa sua vitória, mas os principais estados do País ficam em mãos dos partidos de oposição, pelo menos até agora, segundo as pesquisas. Um fato jocoso, não fosse revoltante: o norte-americano Armínio Fraga, designado por George Soros para o Banco Central, advertiu especuladores para tomarem cuidado pois podem perder, isso falando da alta do dólar. O cara é um primor de sem vergonha. Deve ter ido jogar golfe depois da entrevista. É o seu esporte predileto. |
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