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28 de setembro de 2002 |
O mercado é ignorante
La Insignia. Brasil, setembro de 2002.
É só a confirmação da subserviência absoluta. Refiro-me às declarações
do ministro da Fazenda Pedro Malan: “o mercado é ignorante e
ganancioso”. Oito anos depois de introduzir com requintes de
perversidade e sacralizar o mercado como deus do mundo globalizado, o
ministro designado pelo FMI para o Brasil senta em cima e confessa que
não tem como reverter o processo especulativo e corrupto, deflagrado com
a conivência e a participação do Banco Central, para que bancos,
especuladores e os do peito, ganhem fortunas com a alta do dólar. Em
dias, poucos dias.
Ataque de ética? Malan não é um sujeito de carne e osso. Foi gerado nas entranhas de Wall Street. Interesses contrariados? Claro. Disputa de grupos, de quadrilhas. Neste momento a de Armínio Fraga, agente de Soros no Brasil, ora presidindo o Banco Central, está levando vantagem. Lula deve ter sabido com detalhes de toda a operação há alguns dias, do contrário não teria dito que Armínio não vai participar do seu governo. Foi por aí, por baixo dos panos que ocorreram algumas negociações, alguns acordos, troca de telefonemas e Malan deitou seus últimos vagidos de todo poderoso da economia. Não apita nada, nem ele e nem FHC. São dois paus mandados. Há indicativos e alguns jornais falam, quase que em linguagem cifrada, que Lula teria alcançado os 51% dos votos válidos. A terra seria mais leve para FHC e a turma de Malan se a fatura fosse liquidada logo no primeiro turno. Os mesmos jornais e colunistas registram um olímpico distanciamento do “presidente” e seu candidato, José Serra. O desatino de Serra, único a acreditar em sua candidatura, em suas chances, deve aumentar. Perdeu o controle – que aliás nunca teve – e deve estar chorando “lágrimas de crocodilo”, como diria Nelson Rodrigues. Como é que pode o “melhor preparado” perder? Vai ficar quatro anos sem mandato algum, termina o de senador, terá tempo para procurar um psicanalista e resolver algumas pendências, digamos assim. Sem falar na necessidade de ser vacinado e com urgência. Ele e o tucanato. Contra soberba. Contra corrupção não existe vacina. Neles é um parte dos genes. Foi revelado com sobejos fatos que a filha do candidato tem uma empresa para aliciar contratos públicos. Nos Estados Unidos, lógico, onde mais? O risco Garotinho é real. Existe tanto na desmoralização completa do “melhor preparado”, como de deixar Lula de saia justa num segundo turno contra o enviado de Deus. Garotinho não tem compromisso nenhum, com nada, é um franco atirador, corrupto, venal, que faz qualquer negócio para ser presidente, cercado de uma quadrilha de pastores ávidos de dinheiro para “Deus” e que numa disputa direta com Lula faria um discurso populista, à esquerda, forçando o candidato do PT ou a “esquerdizar” o seu discurso, ou endireitar de vez e correr o risco de virar candidato oficial. É o que diz o IBOPE naquelas pesquisas que a “Globo”, antes de divulgar, consulta os donos. Há indícios claros que a “Globo” lulou diante da perspectiva do ex governador do Rio ir para o segundo turno. Dos males o menor seria o raciocínio. Ou os anéis para não perder os dedos. De qualquer forma, sendo real ou hipótese, ou mero jogo, a semana que entra vai ser daquelas que até dedo nos olhos vai valer e com um fato indiscutível: o juiz que preside as eleições tem partido, candidato e isso torna o quadro mais complicado ainda. A esta altura do campeonato é difícil saber para onde a biruta do ínclito ministro vai virar. De todos esses fatos, para a esquerda, resta mais ou menos o seguinte: cada espaço vai ter que ser ocupado com permanente mobilização num eventual governo Lula. O bando de urubus que começa a cercar não o candidato propriamente, mas a candidatura e o dia seguinte. O volume de compromissos que está sendo despejado sobre um presidente que sequer foi eleito e, principalmente, a total e completa desintegração do Brasil (que não é ocasional, é deliberada), a soma resulta naquela história do incauto que cismou de acreditar no escorpião e colocou-o às suas costas para tentar atravessar o rio. Foi picado no meio da travessia, afundaram ambos. Só que haviam outros escorpiões e continuou o reinado dos escorpiões. É só olhar a Argentina. Os caras como Soros, Cavallo, bandidos, liquidaram com o País, apostaram na desorganização do movimento popular, sindical, da chamada sociedade organizada e estão levando o jogo da forma que bem entendem para chegar onde querem. Tem sempre um Duhalde pronto para cair de quatro a troco de uns 10%. Querem fazer o mesmo aqui, pelo menos entendem que vai ser possível. Há uma diferença: o movimento popular e sindical é minimamente organizado entre nós e esse ser ou não res, (res mesmo), é o dilema de Lula. Quanto a Garotinho, a plêiade de “anjos” e “querubins” que anda à sua volta já está contabilizando a grana para as “obras divinas”. Em muitos dos templos da salvação (deles, lógico) a história da conversão do candidato lembra a visão de São Paulo em Damasco, ou no caminho para Damasco. Os caras perderam tudo, não têm um pingo de vergonha. Para coroar, FHC fez um discurso em Palmas, Tocantins, onde afirmou que vai estar sempre pronto a ajudar o “país” e repetiu frisando: “o país”. Só não disse qual. Deve estar em dúvida se a matriz ou se a colônia européia, o ex Reino Unido. |
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