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La insignia
26 de setembro de 2002


Brasil

Sorvete com a testa


__Especial__
Brasil: Eleições 2002
Laerte Braga
La Insignia. Brasil, setembro de 2002.



A capacidade de falar mentiras do candidato José Serra e sequer ficar vermelho, ou ainda irritar-se quando cobrado por alguns disparates que tem dito, ultrapassa as raias da normalidade, ingressa no sombrio mundo do patológico e, certamente, termina com uma sorvetada na testa. É típico de gente como ele que acha que o mundo só conta a partir da data do seu nascimento. Não é um messias, mas o "preparado", como gosta de dizer.

Em entrevista à principal rede de televisão do Brasil, a "Globo", no "Jornal Oficial", aquele a que chamam de "Nacional", o candidato entre o estado de sofreguidão que o caracteriza e a necessidade de vender a imagem de o melhor, no justo momento que começa ficar complicada sua participação num eventual segundo turno, pisou em ovos, mas não foi capaz de disfarçar as mentiras. Há uma ofensiva para alcançar a presidência e para isso vale tudo.

Os 8 milhões de empregos que servem de bordão para a campanha do candidato do "governo" que desempregou 12 milhões, se com carteira assinada ou não, levaram o candidato a dizer que de "preferência sim, mas depende da simplificação da legislação trabalhista". Para bom entendedor pingo é letra e o que Serra disse é que, admitindo-se que sua promessa seja real, para ser cumprida e não uma falácia inventada por marqueteiro para efeito especial, os direitos do trabalhador irão para o brejo.

O candidato tucano sem um pingo de rubor na face trabalha só com a necessidade de chegar ao segundo turno para tentar então ganhar as eleições. Emprego para ele não é prioridade, nunca foi, é apenas instrumento para iludir e enganar, tal e qual seu principal parceiro na empreitada eleitoral: Fernando Henrique Cardoso.

Serra é um desastre total e absoluto. A dificuldade do candidato tucano em viabilizar-se junto ao eleitorado está, exatamente, no seu "preparo". Pura arrogância. Presunção. Aquela história de "depois de mim o dilúvio". O que não revela é que quando ministro do Planejamento de FHC, no primeiro mandato, os índices de desemprego aumentaram e significativamente.

Eu confesso que não será surpresa se o candidato num dos seus ataques de divindade sair proclamando que não descansa nem no sétimo dia. É um risco real e os que cuidam dele devem precaver-se contra ele. Fica mais perigoso à proporção que os dias vão passando e as eleições chegando. E olha que o IBOPE deve ter feito o diabo para segurar os dados reais. É o papel que cumpre, tanto quanto a "Globo". Tentar atenuar o impacto da pesquisa do "Data Folha", que fala em 44% das intenções de votos para Lula.

O que o IBOPE fez, sutilmente, foi reduzir o percentual de votos válidos para Lula, tentando diminuir a possibilidade de vitória do petista no primeiro turno. Lula chegou a pouco mais de 48% no "Data Folha" e tem pouco mais de 47% no IBOPE. Parece sem importância mas não é não. Cresce em valores absolutos, cai em valores reais. Com isso o IBOPE livra-se da pesquisa anterior, montada para a CNI (Confederação Nacional do Indústria) e desmentida pela do "Data Folha", mas continua a cumprir seu contrato de comitê eleitoral de José Serra.

Ou seja: A pesquisa IBOPE (que é um instituto para-oficial) vai "ilustrar" os "especialistas" do "governo". Vão passar a dizer que caem as chances de Lula levar no primeiro turno. Nesta altura do campeonato isso é tão importante quando assegurar que Serra é quem vai disputar com o líder nas pesquisas de intenções de votos.

Trabalham com a perspectiva de que no segundo turno tudo vai ser diferente. Corre o risco de ser atropelado por um candidato de fancaria, Anthony Garotinho. Sem falar que, de repente, a coisa pode estar embaralhada de tal maneira que Ciro também leva chances.

O Brasil é um país ao Deus dará, como costumam afirmar os mais antigos quando a coisa desanda.

Tentaram colar no candidato petista a responsabilidade pela alta do dólar, bateu seu recorde, fechou a 3,77 reais por um, mais desvalorizado que o peso argentino em relação à moeda norte-americana. Não conseguiram. Não há como desatrelar o caos que se avizinha como conseqüência direta da política econômica de subserviência total ao FMI et caterva. FHC nem liga mais. Está preocupado em construir uma blindagem para quando sair do "governo". Sabe a extensão das bandalheiras nesses oito anos e quer imunidade, não quer correr riscos de vir a ser preso.

Tudo indica que a estratégia de José Serra, voltar com o risco de virarmos uma Argentina e tentar apostar no se está ruim é preferível não arriscar a ficar pior, como se possível fosse, também vai dar com os burros n'água. Há uma fastio de FHC, tucanos e toda a corja que os cerca.

Lula deixou claro, hoje, que não vai manter Armínio Fraga no Banco Central. Nem poderia. É o mais perigoso dentre os agentes estrangeiros em ação na máquina estatal. A saída de Fraga é questão de segurança nacional. O dever de casa do cara é apresentado em Washington, para o banqueiro George Soros.

A impressão que eu tenho é que quando são divulgados números de pesquisas e Serra constata que não subiu, pelo contrário caiu, ou, para acabar de esculhambar e desmoralizar, está ameaçado por Anthony Garotinho, o tucano chega em casa dirige-se ao seu altar (imagens de FHC, dele, Nizan Guanaes, etc) e ameaça os brasileiros com raios, trovões, tempestades, toda a sorte de malefícios para um povo que não está compreendendo a importância de ter "o melhor preparado". Sacrilégio é o que deve pensar.

Incapaz de compreender como isso é possível, vai até a geladeira e atônito, mas furibundo, toma sorvete com a testa. Vai passar a vida inteira sem entender. Corre o risco de acabar numa clínica dessas especializadas onde vai ficar conhecido como "eu criei isso, criei aquilo e sou o preparado".



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