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21 de setembro de 2002 |
Momento eleitoral no Brasil: David contra Golias
Adital. Brasil, setembro de 2002.
As eleições brasileiras estão mostrando que a esmagadora maioria da população não aprova o governo FHC. O candidato de FHC, José Serra, não poupa palavras e manobras para transferir o agravamento da crise brasileira, não aos equívocos e graves falhas do governo que integrou, mas à possibilidade de mudanças na política econômica, que o candidato Lula representa. Isso cria um clima de impasse e insegurança econômica generalizada.
Nos últimos dias, o dólar não para de subir. Os credores movem um ataque especulativo contra a moeda brasileira, mesmo depois do ministro da fazenda viajar o mundo para pedir apoio dos investidores estrangeiros. Ninguém acredita na capacidade do governo brasileiro honrar os contratos e a maioria pressente que o país caminha a passos largos para a bancarrota. Serra aproveita-se da crise patrocinada pelo atual governo para culpar a oposição. Tenta transmitir de todos os meios possíveis que Lula é o candidato da aventura e que representa um salto no escuro, pela sua inexperiência administrativa e nenhuma formação superior. Manipula-se fortemente o preconceito de que Lula não passa de um torneiro-mecânico. Com isso, Serra estimula o terrorismo econômico, que amplia a instabilidade dos mercados. Lula até o momento enfrenta os ataques com altivez e serenidade. Não aceita provocações e, sempre que pode, nunca deixa de elevar a auto-estima do povo brasileiro e convocá-lo para o desafio de superar as dificuldades com determinação e confiança no futuro. Serra é o símbolo do grande capital e da grande indústria, dos altos interesses financeiros nacionais e internacionais. Lula é o cavaleiro da esperança oprimida, das periferias das cidades, das favelas, do pequeno capital e da classe média desempregada, dos jovens angustiados com o futuro que não sabem como será. O Brasil assiste a uma luta entre David e Golias. De um lado, o candidato fortemente armado pelas elites, que sempre comandaram o país. De outro lado, o candidato do andar de baixo da população brasileira. De um lado, Serra utiliza a armadura dos altos interesses e o poder das espadas da imprensa grande. De outro lado, Lula arranca energias dos excluídos, apartados, explorados e espremidos por amor à "pátria amada Brasil". A última pesquisa de intenções de votos, publicada no dia 18/09/02, revela que Lula da Silva tem todas as condições de vencer no primeiro turno. Isso, certamente, vai criar um clima de tensão nos domínios da plutocracia, que fará tudo para impedir a consagração olímpica de Lula já na primeira apuração do dia 06/10. Há mais de 10 dias da campanha eleitoral, o atual governo vai usar a máquina estatal nesse período, com todos os seus recursos, para massacrar David antes que consiga usar a sua funda. Alguma coisa, no corpo e na cabeça do povo brasileiro, não consente com a mesmice dominante e quer arrancá-lo das mãos que sempre o saquearam e daqueles que o país fosse rendido aos interesses de potências estrangeiras. Apesar das monumentais dificuldades, desde 1989 que não se via, nas ruas e nos bares, uma eletricidade de alegria e esperança no futuro. Dom Hélder Câmara, o célebre Arcebispo de Olinda, na luta contra a ditadura, lavrou uma célebre frase: "Quanto mais escura é a noite, mais ela carrega dentro de si a alvorada". Lula é David que derrotará os filisteus e fariseus. Ele parece ressurgir na noite da crise brasileira, como um raio de sol. Lula risca no horizonte, de forma trêmula, porém radiante, o sonho de que uma nação reconciliada com as esperanças do seu povo ainda é possível de ser realizado. (*) Economista. |
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