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La insignia
19 de setembro de 2002


Brasil

Linha da sanidade lá e aqui


Laerte Braga
La Insignia. Brasil, setembro de 2002.



O que mais espanta na ação terrorista de Bush em relação ao Iraque é a complacência da maioria dos governos do resto do mundo. Há reações dentro dos Estados Unidos, como se viu na fala do secretário de Defesa no Senado, mas boa parte dos governantes prefere enfiar a cabeça na terra e ignorar a proposta de barbárie.

Bush ultrapassou a linha da sanidade. É por isso que é o presidente em seu país. Produto da fraude, da impostura, presta-se a qualquer tipo de papel, tem o perfil do maluco que sai apertando todos os botões possíveis e explodindo tudo à sua volta. No caso do Iraque, o petróleo ganha condição de objetivo básico do terrorismo norte-americano. Bush explode e as empresas petrolíferas lucram. São parte da turma que puxa e movimenta as cordinhas amarradas ao terrorista e disfarçam os crimes que cometem com defesa da liberdade, da paz, essas coisas todas. Foi ridícula a afirmação do secretário de Defesa que é preciso "atacar Saddam antes que Saddam provoque destruição em massa". Esse não é louco. É criminoso mesmo. Cumpre à risca o papel que lhe cabe.

Aqui, José Serra dispara uma saraivada de ataques baixos e vulgares contra Lula, ao tomar conhecimento que não cresceu o suficiente para ter tranqüilidade em relação ao segundo turno e, no dia seguinte, anuncia que vai forçar o debate político, só político, para que os brasileiros possam decidir melhor. No caso de Serra o candidato também ultrapassou a linha da sanidade.

Serra perdeu três minutos em seu programa eleitoral, em rede nacional, por força da baixaria. Deve ter avaliado que o veneno da mentira começa a voltar-se contra ele e resolveu dar um breque. É sabido que o candidato teve um acesso incontrolável de fúria ao tomar conhecimento das pesquisas do IBOPE e Vox Populi que, além de não mostrá-lo luzidio e crescendo para o gáudio dos banqueiros, revelaram um Lula próximo de atingir a maioria absoluta dos votos no primeiro turno.

Tentou de todas as formas evitar a divulgação dos novos números, depois forçar a maquiagem dos dados e percebeu, aí a fúria, que a farsa começa a cair dentre seus próprios aliados que. Por manterem-se equilibrados, estão no velho esquema de ratos pulando do navio que afunda.

O que um criminoso como Bush e um político corrupto como Serra têm em comum?. A relação de senhor e capataz. Serra, como FHC sofre do complexo de "Tony Blair". Acha que Londres é o centro do mundo. O que o candidato tucano representa para o Brasil é o arremate do processo de recolonização do País. Para Bush pouco importa quanto tenha que pagar (o que o secretário do Tesouro voltou a afirmar sobre contas na Suíça), desde que não ultrapasse o razoável em termos de ganhos de um capataz para 8 milhões de quilômetros quadrados.

Para Serra e os interesses que representa, banqueiros, grandes corporações, o importante é o quanto vai entrar. A velha e surrada lição de Roberto Campos sobre investir na compra de um mandato para quintuplicar o patrimônio ao cabo de 4 anos. Manter a chave do cofre. A indignação que percorre a maioria dos povos do mundo diante da barbárie contra os Palestinos. Das intenções terroristas e assassinas de Bush em relação ao Iraque (na verdade o controle do petróleo naquele país), resulta tanto do asco como principalmente da impotência num mundo cada vez mais "globalitarizado" segundo a ótica do império norte-americano. "Faremos tudo o que o mestre mandar".

O desmanche da candidatura Serra é conseqüência da gota d'água que fez transbordar a paciência de um povo submetido a 8 anos de corrupção, venda do patrimônio nacional, entrega deliberada de uma nação inteira, tudo com recheio de despudorado e revoltante do cinismo dos homens que tomaram o poder de assalto.

Ouvi dias desses uma professora afirmar que nunca em sua vida imaginou votar em Lula, mas que vai votar consciente no petista, porque se fizer o contrário, não terá coragem de encarar os filhos.

O dilema dos povos do mundo em relação a Bush é o mesmo dos brasileiros em relação a Serra: ou temos futuro e preservamos a chance de construirmos esse futuro segundo nossos desejos, ou aceitamos a condição de robôs, no melhor estilo "1984", ou o mundo novo de Huxley.

Lugar comum? Tudo bem. Mas realidade indesmentível e talvez por isso mesmo com o rótulo de obviedade, comportamento típico da "verdade do grande irmão".

Serra e Bush, Bush e Serra ultrapassaram a linha da sanidade. Ambos porque prestam-se a qualquer papel desde que possam exercitar o patriotismo canalha que é marca registrada de gente assim. E o tim tim do caixa.

A decisão do americano de pedir ao Congresso de seu país que autorize um ataque ao Iraque depois de Saddam anunciar que aceita os inspetores da ONU, faz cair a máscara e deixa expostas as vísceras do terrorismo norte-americano.

A declaração de Serra que vai debater política, programas, para tentar consertar o desatino de acusações sórdidas, bem ao estilo tucano - tucanalha - mostra que o mundo hoje, em qualquer canto, tem duas opções: ou de quatro como Tony Blair e sua turma a ex terceira via. Ou com altivez para dizer a esses caras que não é assim e ponto final.

Contra o Iraque perpetra-se uma ignomínia merecedora da condenação e da repulsa dos povos de todo o mundo. Contra o Brasil a ameaça Serra é a de confirmamos o latifúndio demarcado pelo império norte-americano. Essa, felizmente, parece estar distante. Só se seguirem o receituário de Jeff Bush, de Miami: fraude.



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