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La insignia
6 de setembro de 2002


Brasil

Surrealismo e fraude


Laerte Braga
La Insignia. Brasil, setembro de 2002.



Ciro Gomes denunciou, em nota assinada por todos os seus principais partidários, Brizola, Roberto Freire, entre outros, o favorecimento ao candidato José Serra pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). É visível e despudorado. O presidente da "corte" corta tudo o que pode e que possa vir a causar prejuízos ao seu compadre, o candidato do capataz do Brasil. Lula, em entrevista, chamou Serra de "chorão". Segundo o petista, "o candidato não quer discutir o passado para que não o responsabilizem pelo fracasso do governo Fernando Henrique e só quer falar no futuro. Ou seja: quer o bônus da máquina administrativa, mas não quer o ônus".

A Polícia Federal, a banda ainda não transformada em Polícia Tucana, apreendeu três urnas falsas, urnas eletrônicas, em Brasília, nos arredores da capital. Os votos já estavam dados: Serra presidente; Roriz governador e dois senadores e um deputado federal e outro distrital. Um dos candidatos ao Senado que antecipou o pleito é Paulo Otávio, sócio e compadre de Collor de Mello. Empreiteiro. Está com Serra. Com quem está a imensa maioria dos bandidos da política brasileira, a começar pelo capataz de Washington, FHC. O dito, neste momento, está deslumbrado com o convite feito pelo secretário geral da ONU, para que vá chefiar alguma missão especial tão logo deixe o governo. Se der o azar de Ciro ganhar, vai é para a cadeia. ACM diz isso todos os dias para quem quiser ouvir.

As eleições no Brasil, o primeiro turno em 6 de outubro e o segundo no dia 27, têm contornos surrealistas, aos quais adiciona-se a fraude montada pelo governo. Num determinado momento Lula, Ciro e Garotinho vão ter que cair na real e denunciar todo o esquema montado para eleger José Serra. O Poder Judiciário, desde o início do período FHC, tem vivido uma luta interna: as cortes superiores fecham com o Executivo e têm cometido barbaridades, pela maioria dos seus integrantes, Nelson Jobim à frente, enquanto nos tribunais regionais e nas instâncias inferiores, juízes têm lutado para sobrepor a lei, principalmente a Constituição, aos interesses das quadrilhas que tomaram de assalto o poder no Brasil.

O arrastão promovido pelo conjunto de forças que apoiam José Serra, a máquina do "governo", os meios de comunicações, os institutos de pesquisa, a Procuradoria Geral da República, a Corregedoria Geral (criada para combater a corrupção e imersa num mar de lama e de omissão), a ABIN (Agência Brasileira de Informações), o TSE, aos quais somam-se o sistema financeiro internacional e o que resta do nacional e as grandes corporações, não está sequer importando-se em disfarçar a operação vale tudo. O candidato tucano despachou vários assessores para estados governados por petistas com a incumbência de levantar dados, montar dossiês, tudo para enfrentar Lula no segundo turno.

Tem sido a sua tática. Sem escrúpulos, nenhum pudor, preocupado apenas em alcançar a chefia da grande fazenda Brasil. Só isso.

Tem dado certo até o momento. As pesquisas montadas para sugerir sua reação e seu crescimento acabam ganhando foros de verdade, afinal estamos no Brasil, onde ponderável parcela do eleitorado vota segundo as determinações dos coronéis, no interior e, a classe média sonha com Miami. Com levar o cachorrinho da família ao cabeleireiro de helicóptero, para fugir do trânsito congestionado.

É a tal da estabilidade. O sujeito quer apenas o trocado miserável para poder comprar no supermercado todas as parafernálias necessárias ao status de primeiro mundo e morrer de infarto aos quarenta, endividado até a alma. O risco de Serra está no fundo de cada um dos que acreditam nessa pantomima toda. De repente o cara pode perceber que está sendo transformado em robô, em máquina e num assomo de revolta despejar sua ira nas urnas. Aí não há pesquisa que dê jeito e nem "Jornal Oficial", dito "Nacional".

De qualquer forma fecharam o cerco e com isso é que contam.

Quem quer que chegue ao Brasil e num espaço de duas horas inteire-se da realidade do País, para logo em seguida assistir ao horário eleitoral nas redes nacionais de televisão, vai achar, com certeza, que o candidato de oposição é José Serra.

O esquema caça Lula já está montado. O candidato Serra e nem FHC sujam as mãos com denúncias no segundo turno. A corregedora geral, uma tal de Anadir (Jáder Barbalho continua solto, claro, se abre a boca cai o mundo de Brasília) sai em campo, a Policia Tucana ídem, da mesma forma que fizeram com Roseana, estão fazendo com Ciro e a "Globo" encarrega-se do resto. Para a classe média a "Veja". Entre uma página e outro de lavagem cerebral, culto a estabilidade, modelos ditos humanos e modelos de máquinas que chegam a 200 quilômetros por hora em questão de cinco segundo. E a cada dez páginas, um banco oferecendo modalidades irresistíveis de créditos, financiamentos, sem falar no roteiro de melhores bares e regiões onde azarar uma companhia.

O jornal "Folha de São Paulo", uma no cravo e outra na ferradura, publica, todos os sábados, ou domingos, que a prefeita Marta Suplicy enforcou o expediente para fazer campanha em outras cidades brasileiras. Seria interessante explicar aos leitores que tipo de expediente, como horário por exemplo, cabe por obrigação ao prefeito, no caso prefeita.

Em momento algum percebem que a função política, numa democracia, transcende esse negócio de carimbo, clips, ou que os problemas acabam na sexta-feira às 18 horas e renascem na segunda às oito. Típica má fé. O Brasil é um País surrealista com laivos impressionantes de cretinice e nesse momento, a fraude, a impostura para eleger José Serra são uma realidade. É questão de relaxar e gozar ou... Resistir.



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