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La insignia
5 de setembro de 2002


Brasil: Era FHC

A explosão do desemprego


Altamiro Borges (*)
La Insignia. Brasil, 5 de setembro.



No mês decisivo das eleições presidenciais no Brasil, que terão impacto no mundo todo, a sociedade está chamada a fazer uma criteriosa avaliação sobre as conseqüências das políticas adotadas por FHC nos seus quase oito anos de mandato. No item sobre o trabalho, o balanço conduzirá a uma conclusão inescapável: este governo foi responsável por uma brutal regressão neste campo, o que dá a FHC o desonroso título do presidente que provocou os maiores estragos nas relações de trabalho em toda história da vida republicana do país.

Os próximos artigos desta coluna demonstrarão esta tragédia abordando (1) a explosão do desemprego; (2) a corrosão dos rendimentos; (3) a chaga da informalidade; e (4) o desmonte da legislação trabalhista. Em todos estas áreas, FHC procurou cumprir a missão, anunciada num famoso discurso no início do seu primeiro mandato, de "acabar com a 'era Vargas'". Os resultados desta política destrutiva e regressiva foram devastadores. Eles só evidenciam a urgência do sindicalismo consciente se engajar com todas as suas energias na luta pela superação da "era neoliberal" e por novos rumos para o Brasil.


NÚMEROS DA TRAGÉDIA

Segundo estatísticas do IBGE, no final de 1994 o desemprego vitimava 4,5 milhões de trabalhadores, o equivalente a 6,1% da força de trabalho no país. Ao término do primeiro mandato de FHC, em 1998, ele já desgraçava a vida de 7 milhões de brasileiros - 9,2% da População Economicamente Ativa. Ou seja: o primeiro reinado tucano fora responsável por 2,5 milhões de novos desempregados, com um aumento de 3,1% na média histórica desta taxa. Já em 2000, último ano das informações oficiais disponibilizadas pelo IBGE, ele atingia 11,5 milhões de trabalhadores, próximo à explosiva taxa dos 15% da PEA.

Num estudo sobre a regressão do trabalho na "era neoliberal", que está para ser publicado em livro, o economista Marcio Pochmann conclui: "Comparando-se os dados do Censo Demográfico de 2000 com os de 1994, encontra-se um adicional fantástico de 7 milhões de novos desempregados gerados durante sete anos de governo FHC. Ou seja: um milhão de desempregados a mais para cada ano de governo".

Ele também demonstra que mudou o perfil do desempregado no reinado tucano. Ao invés de concentrado nos trabalhadores de baixa escolaridade e qualificação, como nos anos 80, "assistiu-se ao crescimento do desemprego entre as pessoas de maior escolaridade, adultos, chefes de família e ocupados em funções hierarquicamente elevadas. A taxa de desemprego foi mais expressiva para os trabalhadores com escolaridade entre quatro e sete anos do que para aqueles com menos de um ano de acesso à educação".

Em recente artigo na Debate Sindical, Marcio Pochmann, que é considerado o principal especialista em emprego e salário no Brasil, apresenta outro cruel indicador. Segundo ele, o desemprego hoje atinge em especial a juventude. De cada dois desempregados no país, um possui menos de 25 anos de idade. "Excluídos dos mecanismos de garantia de renda e vetados pelo mercado de trabalho, os jovens seguem, cada vez mais, sem perspectiva de futuro". Para os jovens das camadas médias, a saída encontrada é a fuga do país - cerca de 1,4 milhão de jovens emigraram do Brasil nos últimos anos.

Já para os jovens pertencentes às famílias de menor renda, o drama é mais deprimente. "Nas condições de produção de pobreza que estão inseridos, as oportunidades tendem a se concentrar no trabalho precário (emprego doméstico, ambulante, segurança, entre outros de baixo salário), quando não na prostituição, droga e criminalidade. Assim, a violência juvenil, que consagra aos jovens os indicadores de homicídio sem paralelo nacional, somente associado aos países em conflito aberto, é produto da política de FHC".


(*) Altamiro Borges é jornalista, editor da revista Debate Sindical e co-autor, junto com o economista Marcio Pochmann, do livro "Era FHC - A regressão do trabalho" (Editora Anita Garibaldi, agosto de 2002).



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