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La insignia
30 de setembro de 2002


Não tropece na língua!

«E» com vírgula ligando orações


Maria Tereza Piacentini (*)
Língua Brasil, setembro de 2002.


“Gostaria de saber se há uma regra sobre colocar vírgula antes da conjunção ‘e’. Já vi casos como ‘Nossa empresa vai ser lançada no ano que vem, e deve atingir todas as metas.’ Esta vírgula não é desnecessária?” Luis Cláudio, Rio de Janeiro/RJ

Luis Cláudio apresenta uma frase em que a conjunção e liga duas orações com o mesmo sujeito. Tratando-se de soma ou enumeração, a vírgula é desnecessária, como vimos na coluna passada:

- Nossa empresa vai ser lançada ano que vem e (nossa empresa) deve atingir suas metas.

Às vezes, porém, vamos encontrar essa vírgula antes do e que introduz uma oração com o mesmo sujeito da oração anterior. Este uso se justifica por estilo, pela necessidade que sente o autor de fazer uma pausa por ênfase:

- Cometemos equívocos com nós mesmos, e jogamos fora boa parte de nossa energia vital com coisas que não valem a pena.

- Nosso nascimento como nação não resultou de guerra ou revolução; foi antes uma transição natural da condição de colônia para a autodeterminação, e já estava implícita quando D. João VI instou seu filho a consumá-la antes que um aventureiro o fizesse.

- Comecei a fazer uma prece para os soldados judeus que estavam sendo mortos naquele momento, e também para os soldados egípcios.


2. Quando duas orações interligadas por e têm sujeitos diferentes, a vírgula é comumente usada junto com a conjunção no intuito de prevenir o leitor contra ambigüidades; e deve realmente ser usada quando a 1ª oração acaba com substantivo e o sujeito a seguir é também um substantivo, pois é aí que a leitura pode ficar truncada.

Vamos perceber esse problema na frase abaixo - a vírgula permite saber de pronto que a partir dela começa uma outra afirmação (com novo sujeito, como já foi dito):

- Velhos processos sociais e econômicos perduram com novos significados e novas práticas e valores no nível macro e micro reconfiguram relações entre nações e entre indivíduos.
- Velhos processos sociais e econômicos perduram com novos significados e novas práticas, e valores no nível macro e micro reconfiguram relações entre nações e entre indivíduos.

Outros exemplos:

- Mas as Ciências Sociais acompanharam de perto essa mudança e a produção de conhecimento original foi extraordinária. / Mas as Ciências Sociais acompanharam de perto todas essas mudanças, e a produção de conhecimento foi extraordinária.
- A mudança se exprime através de tensões graves e destruições de toda ordem a acompanham. / A mudança se exprime através de tensões graves, e destruições de toda ordem a acompanham.

Não havendo problemas de ambigüidade, a vírgula pode ser deixada de lado:

- Acredito que sanções econômicas severas funcionariam (,) e com essas medidas ganharíamos uma maior cooperação dos europeus.
- O simulacro de uma máquina de lavar tornou-se o conceito de felicidade (,) e o apresentador da mercadoria tornou-se o filósofo, o artista.
- No decorrer do tempo continuaram as apresentações teatrais de grupos profissionais e amadores (,) e a casa também era cedida para funções comemorativas.

Em conclusão: como sempre, deve prevalecer o bom senso. Aproveito o espaço para lembrar que toda intercalação deve ser separada por duas vírgulas, esteja ela antes ou depois do e, de modo a não se criar ambigüidade ou atropelamento da frase, como neste exemplo: *Os usuários se valem do fonograma, uma espécie de telegrama e da conferência telefônica*. O correto é: “Os usuários se valem do fonograma, uma espécie de telegrama, e da conferência telefônica”.


(*) Maria Tereza de Queiroz Piacentini, autora dos livros "Só Vírgula" e "Só Palavras Compostas", é diretora do Instituto Euclides da Cunha - www.linguabrasil.com.br



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