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25 de novembro de 2002 |
Guilherme Vargues
Em uma pequena tribo fora da matéria, o pequeno yamari nascera. Já estava
condenado ao fado de mais de 30 anos de dominação do colonizador.
Quando faltavam exatos 26 meses para o século XIV, homens de grossa inspiração
seqüestraram, queimaram e atearam fogo a memória existencial daquela gente. O
pequeno anti-herói foi parido assim, sob a lógica do dominador, já era, ele,
uma espécie de castrado de sua própria história.
Nunca aceitou, mas também pouco questionou, sair da coleta e ser absorvido pela produção em massa. O circulo social da coletividade fora apagado rápido demais, já eram todos responsáveis por uma fotografia que revelada exibia uma longa e uniforme fila de trabalhadores, acorrentados e sovas com vara de marmelo. A dor da pancada ardia a cuca. A cuca ardida lamentava a ausência da liberdade. Cansou e planejou a conquista da alforria. Para alforriar-se precisava de pelo menos mais cinco cativos rebeldes. Para convencer outros cativos a libertarem-se da anestesia desenvolveu métodos de discussão, formas de comunicação que não fossem compreendidas pelos encomenderos - homens que exploravam a mão de obra dos cativos - , assim, pensou a liberdade revolucionária. Convenceu, exatamente, 32 cativos a rebelarem-se na quarta noite alta do ano. Do dia do pensamento de liberdade até o dia da efetiva alforria faltariam 23 dias e 22 duas noites. Durante esses dias, pensou todo um plano, já se considerava bom o suficiente para desenvolver toda uma ação sozinho. Planejou em seus sonhos, de forma pragmática, a sociedade perfeita. Sociedade o qual, depois de desenvolvida, seria apresentada aos outros cativos, que logicamente a aceitariam. Yamari já era uma espécie de liderança entre todos. Ninguém o subestimava, ele sim não acolhia opiniões, ele sim já estava dotado de certezas frias e calculistas que culminariam na libertação. Todos os seguiriam, até em saltos longos e incertos. A certeza fria tomou conta de yamari, na quarta noite, levou todos a derrocada, foi uma batalha fria, sem graça, o único brilho foi a valentia daqueles que já amavam a liberdade mais que ele. Resolveu refutar-se, conduziu todos a desgraça da derrota, e essa pouco se esquece rápido. Depois de várias noites frias, voltou a amar a liberdade. Como um revolucionário, queria misturar-se com todos, queria compartilhar, queria abrir para todos o sonho da noite mais longa. Quando procurou todos para a novidade percebeu que não tinha, com sua arrogância, provocado só a desmotivação, havia travestido a liberdade em repressão. Era o dia mais longo de sua vida, queria correr e contar a todos sobre a liberdade, queria abraçar e beijar a face de todos os irmãos. Queria amar a vontade, mais que louca, de construir a terra de todos, mas para quem construiu a terra de yamari, algo havia morrido. Já não tinha muita força, se sentia fraco frente os outros cativos, esses procuraram outro caminho, a fotografia da liberdade não poderia ser revelada agora, aparentemente por um bom tempo. Fica o gosto, fica a marca, de lembrar do sonho, e entender que mesmo que as coisas possam voltar a acontecer, seus dias, daqui em diante, serão muito mais longos e muito menos brilhosos que os dias que yamari jogou e desperdiçou na história, dias que o deixaram louco de vontade de assumir, mesmo sem saber, como os melhores dias da sua vida. Mesmo que se tenha o amor, o coração, yamari não tem mais - e quem sabe por quanto tempo, podem ser gerações - a pedra quente da beleza em suas mãos. |
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