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La insignia
8 de maio de 2002


Software livre pode ajudar países pobres


Rodrigo Schwarz
Agência Carta Maior. Brasil, maio de 2002.


Em Porto Alegre para participar do 3º Fórum Internacional de Software Livre, John "Maddog" Hall, presidente da Linux International, afirma não haver razão "para que os países pobres mandem enormes quantidades de dinheiro, pelo pagamento de licenças, para os EUA".


Porto Alegre - Quando criança, um dos hobbies de John "Maddog" Hall era colecionar relógios de bolso antigos. Como adulto, a missão do presidente da Linux Internacional é fazer com que os softwares de código fechado tornem-se programas de colecionador, ultrapassados, devido à popularidade e eficiência dos softwares livres. "Maddog" (cachorro louco, em inglês), como prefere ser chamado, admite que é uma tarefa difícil, já que empresas como a Microsoft dominam o mercado. Contudo, o movimento dos programas não-proprietários promete perturbar o sono de muitos bilionários do Vale do Silício, na Califórnia, EUA. Presente em Porto Alegre para participar do 3º Fórum Internacional de Software Livre e conhecer projetos de software livre desenvolvidos no Rio Grande do Sul, John Hall concedeu a seguinte entrevista para a Agência Carta Maior.

Carta Maior - No Quênia, licenças do Microsoft Office chegam a custar até US$ 800, enquanto a renda per capita do país é de US$ 250. Qual é a importância dos softwares livres para as nações em desenvolvimento?

John "Maddog" Hall - Em primeiro lugar, é preciso reconhecer a importância de algo. Se os países de terceiro mundo não derem importância para os softwares livres, então nenhum proveito será tirado. É claro que o modelo de software livre faz sentido para a África. Sem a necessidade de pagar licenças, os países africanos, se criassem projetos que desenvolvam a aplicação destes programas, estariam em pé de igualdade com os países do primeiro mundo no que diz respeito à informática. Não há razão para que os países pobres mandem enormes quantidades de dinheiro, pelo pagamento de licenças, para os Estados Unidos. Há muitas coisas que os softwares livres podem fazer pelos países em desenvolvimento, mas só se eles souberem como tirar proveito desta tecnologia.

CM - Em 1998, o México resolveu informatizar sua rede de ensino público. Usando o Linux, o governo mexicano esperava economizar US$ 124 milhões. Três anos depois apenas 4,5 mil escolas foram informatizadas, menos de 20 com o Linux. Quais são os problemas que muitos países encontram para implementar os softwares livres?

JH - Houve um erro de planejamento no caso mexicano. Tentaram impor um modelo sem antes contratar pessoas familiarizadas com o Linux. Já o Brasil está muito à frente de vários países do mundo no que diz respeito ao software livre. Uma das razões para eu estar aqui é a realização de projetos bem sucedidos neste campo e conhecer as pessoas responsáveis por eles. Quero voltar para os Estados Unidos e chamar a atenção de todos para estas iniciativas. Eu já falava sobre o êxito dos softwares livres no Brasil durante as palestras que dei pelo mundo todo. Foi bom voltar aqui e constatar que há muito mais fatos positivos para relatar.

CM - O que aconteceria para o mercado de softwares se a Microsoft tornasse livres as licenças de seus programas?

JH - Eu acho que se isso acontecesse, eles poderiam continuar tão grandes quanto são hoje. Mas isso só aconteceria se eles prestassem um bom serviço e fossem capazes de entregar um bom produto por um bom preço. Se eles começassem a cobrar muito, então, por seguirem a Licença Pública Geral (GPL), alguém pegaria o lugar deles. Outra empresa pegaria o código da Microsoft, criaria outro produto e passaria a distribuir este produto por um preço menor. Um certo número de pessoas continuaria com a Microsoft por lealdade à marca. Contudo, a maior parte ficaria com quem tivesse o menor preço. Isto é o que causa competição. Mas a Microsoft não segue a GPL, então ninguém pode competir com eles.

CM - Qual é a importância do Fórum Internacional de Software Livre para o movimento dos programas não-proprietários?

JH - Em primeiro lugar, é uma questão prática. Eu acho que conferências são a melhor forma das pessoas conhecerem-se e se comunicarem. Apesar de todos os benefícios que a Internet trouxe para indivíduos do mundo inteiro falarem entre si, conversas cara a cara são mais eficientes para resolver questões em um intervalo curto de tempo. Você pode enxergar a outra pessoa, avaliar suas expressões faciais, sentir a paixão pelo assunto tratado. Eu vejo que, em muitos casos, discussões via e-mail se estendem por meses. No Fórum, estas mesmas discussões serão resolvidas em 30 ou 40 minutos.

CM - O senhor é conhecido pela simpatia que demonstra com as pessoas. Por que o apelido "Maddog"?

JH - Porque eu costumava possuir bem menos controle sobre o meu temperamento do que eu agora possuo. Isto era bem claro quando eu ministrava aulas. Quanto a tratar bem as pessoas, sempre digo que as minhas cinco grandes paixões são pessoas, ciência da computação, programas de computador, música e cerveja. Não tenho mais muito tempo para isso, mas uma das coisas que mais gosto de fazer é ficar sentado em frente ao computador tratando fotos de grupos de pessoas que tiro durante minhas palestras. Sempre ouvindo música e com uma cerveja aberta (risos).



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