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La insignia
24 de maio de 2002


Não tropece na língua!

(O) Que fazer?


Maria Tereza Piacentini (*)
Língua Brasil, maio de 2002.


"Por favor, explique-me como é o certo: O que farei de minha vida ou Que farei de minha vida?" Maria Helena Cunha, Fortaleza/CE

As duas formas são usadas no Brasil. Em princípio, basta o QUE para introduzir esse tipo de oração interrogativa, pois o "o" nesse caso não tem nenhuma função sintática:

- Que farei de minha vida?
- Que queres?
- Que devemos fazer?

Já quando se inverte a ordem da pergunta, o interrogativo se faz acompanhar sempre do artigo "o" por uma questão de eufonia:

- Queres o quê?
- Fazer o quê?
- Vamos dizer o que ao diretor?

Foi assim que se tornou usual (e igualmente correto) o emprego de "o que" também no início da oração, objetivando dar maior ênfase à pergunta:

- O que farei de minha vida?
- O que queres?
- O que devemos fazer com o lixo?

Tanto uma quanto outra forma pode ser reforçada por "é que", de uso mais coloquial:

- O que é que farei da minha vida?
- Que é que queres?

A propósito, Eliana Abdallah, de São Paulo/SP, pergunta: "Na frase O quê que eu fiz? o que tem acento mesmo? Eu não poria. Porém, tenho visto algumas pessoas grafarem desta forma. Está correto? Eu sempre utilizo acento no que quando este finaliza uma frase com ponto de interrogação".

A impropriedade da frase, além do acento, é a falta do "é" que faz parte da expressão de reforço "é que": O que é que eu fiz? Por outro lado, está certa a leitora ao acentuar o que em fim de frase, que não precisa ser necessariamente uma interrogação:

- Queres o quê?
- Queria pagar mas não tinha com quê.
- Obrigado! - Não há de quê.

Para o que ser acentuado no meio da frase só se for substantivado, quando fica tônico, por exemplo: "Ela tem um quê da avó materna".

***

"Gostaria de saber qual é a frase correta: O cliente somos nós ou O cliente é nós?" Sérgio Ricardo de Paiva Costa, São Paulo/SP

Se você inverter a ordem, dirá: Nós somos o cliente. O sujeito é o pronome 'nós', portanto.

A regra então é: nas frases com o verbo ser que tenham um pronome pessoal, a concordância verbal se faz com o pronome:

- O cliente somos nós.
- O fiador és tu, mas a responsável foi ela, sem dúvida.
- Os melhores são eles.
- Hoje quem paga sou eu.


(*) Maria Tereza de Queiroz Piacentini, autora dos livros "Só Vírgula" e "Só Palavras Compostas", é diretora do Instituto Euclides da Cunha - www.linguabrasil.com.br



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