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La insignia
13 de fevereiro de 2002


Media Watch International nasce para defender democracia


Agência Carta Maior. Brasil, fevereiro de 2002.


Um grupo de jornalistas e acadêmicos, reunidos no II Fórum Social Mundial, decidiu criar uma entidade para fiscalizar a atuação da media, como uma das formas de garantir o bom funcionamento da democracia. Segundo o documento que anuncia a criação do Media Watch International, é necessária a pressão da opinião pública para manter a qualidade da informação e a veracidade das reportagens. Isso porque há um movimento mundial de concentração da propriedade dos meios de comunicação social nas mãos de poucas empresas.

O professor de jornalismo da Universidade de São Paulo e colunista da Agência Carta Maior, Bernardo Kucinski, acredita que associações como essa são um dos principais resultados do II Fórum Social Mundial. "Pessoas com interesse comum, que nunca teriam a oportunidade de trocar idéias num corredor se não fosse um encontro mundial como o de Porto Alegre, se reuniram tomar uma série de medidas práticas", conta Kucinski. Segundo ele, centenas de acordos como o que criou o Media Watch International surgiram no Fórum.

Joaquim Ernesto Palhares, diretor da Agência Carta Maior, Carlos Tibúrcio (Attac, Brasil) e Roberto Sávio (IPS/Itália) fizeram as primeiras tratativas. Tanto Palhares como Sávio, nas respectivas oficinas que participaram, apresentaram a um grande público presente a necessidade de criar um organismo nesses moldes.

Em seguida, foi lançada a proposta durante uma discussão com jornalistas do porte de Bernard Cassen (Attac), Ignacio Ramonet (Le Monde Diplomatique), Miguel Angel Ferrari (Radio Rosário, Argentina), Pepe Viñoles (Liberación, Suécia), Beth Costa, da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Daniel Hertz (Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul) e Maria José Braga (Sindicato dos Jornalistas de Goiás). Ao redor de uma mesa próxima às salas conferências do Fórum Social Mundial, foi escrita a Carta de Princípios, traduzida para os idiomas dos fundadores ali presentes.

A notícia foi transmitida a cerca de 300 jornalistas internacionais que cobriam uma conferência de imprensa, na qual o Comitê Brasileiro de Organização do Fórum Social Mundial prestava contas das atividades do FSM.

Carlos Tibúrcio, membro do Comitê e representante do ATTAC-Brasil, passou a palavra ao jornalista norte-americano Jeff Cohen. Essa foi a forma de ele responder a perguntas sobre os resultados concretos do FSM. Para ele, o Media Watch é um bom exemplo de uma das centenas de resoluções fruto das conferências, seminários e oficinas. Cohen fez então uma explanação pública dos objetivos da entidade e assumiu a tarefa de dirigir os trabalhos da Media Watch International.

A notícia repercutiu no noticiário brasileiro e internacional. Os fundadores conseguiram garantir o domínio dos sites brasileiro e internacional, registrando o interesse junto às autoridades que controlam a internet. Assim, em breve, as informações sobre como os jornalistas e demais cidadãos interessados poderão participar estarão disponíveis os seguintes endereços:

www.mediawatchinternational.org
www.mediawatchinternational.com
www.mediawatchbrasil.org.br
www.mediawatchbrasil.com.br
Para tanto, os fundadores já providenciam a criação de uma entidade sem fins lucrativos que possa receber os domínios já registrados e disponibilizar endereços eletrônicos para possibilitar a troca de informações. Provisoriamente, os interessados poderão enviar comentários, críticas ou suas adesões ao e-mail agencia@cartamaior.com.br.

Segundo Cohen, do Fair Media Accuracy Organization, o Media Watch será um órgão de coordenação que reunirá informações e poderá articular a atuação de organizações não-governamentais, de centros universitários e de associação de jornalistas. "Este movimento deve trabalhar com repórteres da grande imprensa que se sensibilizarem e não estiverem de acordo com suas empresas, resistindo à censura das grandes corporações", afirmou.


Veja abaixo a íntegra do manifesto (português-espanhol)

Observatório Internacional da Imprensa

"Nós, participantes do II Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, no Brasil, em 2002, e os signatários deste documento, conclamamos cidadãos e entidades da sociedade civil de todo o mundo a se associar numa rede internacional capaz de dar poder aos cidadãos para fiscalizar a mídia e lutar por um jornalismo ético, em âmbito local, nacional e internacional. A informação completa e acurada é essencial para o funcionamento da democracia. Numa era de reestruturação global dos meios de comunicação em escala sem precedentes, com a propriedade da media concentrando-se em poucas mãos, o acompanhamento crítico da mídia torna-se um elemento central da democracia. A rede de organizações que pretendemos criar será de natureza global, mas poderá variar de país para país, sendo constituída por organizações não-governamentais de cidadãos, acadêmicos, profissionais ou por associações de jornalistas. As entidades afiliadas examinarão o noticiário, apontando distorções da ética e da verdade, opondo-se à censura e não usando nenhum método capaz de contribuir para restringir a liberdade de informação. Essas entidades vão se solidarizar com jornalistas que trabalhem em empresas hostis ao jornalismo independente e que possam sofrer pressões para, antieticamente, distorcer ou censurar o noticiário em benefício dos donos das empresas ou dos seus anunciantes. Será dada atenção especial à cobertura de minorias raciais, étnicas e nacionais, e a grupos que tenham sido vítimas de discriminação, para garantir que a mídia dê espaço adequado aos que historicamente não têm tido voz. Além de examinar o conteúdo do noticiário, essas organizações também vão analisar as causas estruturais da cobertura inadequada, distorcida ou censurada - pelo poder econômico ou por qualquer outra causa."


Observatotio Internacional de Medios

"Nosotros, participantes del II Foro Social Mundial de Porto Alegre y signatarios de este documento, convocamos a los ciudadanos y entidades de la sociedad civil de todo el mundo a asociarse a una red internacional capaz de dar poder a los ciudadanos para fiscalizar a los medios de comunicación y luchar por un periodismo ético a nivel local, nacional e internacional. La información completa y responsable es esencial para el funcionamiento de la democracia. En una era de reestructuración global de los medios de comunicación, a escala sin precedentes, con la propiedad de los medios concentrada en pocas manos, la práctica de un periodismo ético se torna un elemento primordial.

La red de organizaciones que pretendemos crear será de naturaleza global, pero podrá variar de país en país, estando basada en organizaciones no gubernamentales de ciudadanos, académicos o en asociaciones de periodistas. Las entidades afiliadas examinarán las noticias, señalando distorsiones a la ética y a la verdad, pero serán contrarias a la censura y no usarán métodos que puedan llevar a la restricción de la libertad de información.

Estas entidades se solidarizarán con los periodistas que trabajen en organizaciones hostiles a un periodismo independiente, y que muchas veces enfrentan presiones para distorsionar o censurar las noticias con una actitud contraria a toda ética, en beneficio de los dueños de las empresas periodísticas y publicitarias. Se dará especial atención a la cobertura de las minorías raciales, étnicas y nacionales, y a los grupos que sufran o hayan sufrido discriminación, para garantizarles en los medios de comunicación un espacio adecuado igual al de aquellos que históricamente siempre han tenido voz.

Junto a examinar el contenido de las noticias, estas organizaciones también analizarán las causas estructurales de una cobertura inadecuada, distorsionada o censurada, sea por la concentración del poder económico o por otras causas."



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