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22 de dezembro de 2002 |
Sempre os porquês
Maria Tereza Piacentini (*)
Inúmeros leitores têm perguntado a respeito do uso graficamente correto dos porquês brasileiros, já tratados na coluna Não Tropece na Língua nº 37. Digo "brasileiros" pelo fato de no Brasil termos uma grafia um pouco diferente da de Portugal nesse ponto. Vamos então rever o esquema de uso dos porquês em nosso país.
1) Usa-se POR QUE (preposição + pronome relativo) em perguntas diretas e indiretas; observe-se o acento circunflexo no "que" antes do ponto-de-interrogação:
Por que as mulheres ocupam tão poucos cargos políticos? 2) Usa-se POR QUE em frases afirmativas/negativas, como complemento (objeto direto) de verbos como mostrar, justificar, saber, explicar, entender e outros: Joseph Stiglitz, Prêmio Nobel de Economia, encantou platéias e mostrou por que provoca calafrios nos burocratas de Washington.
Não entendo por que os eletricitários vão entrar em greve. 3) Usa-se POR QUE como complemento das expressões EIS, DAÍ, NÃO HÁ: Eis por que resolvemos fazer a paralisação.
Não pude me preparar, daí por que desisti do concurso. Nos casos 1, 2 e 3 está sempre implícita a palavra motivo:
Por que (motivo) as mulheres ocupam tão poucos cargos políticos? 4) Usa-se PORQUE para iniciar orações explicativas e causais; em tais afirmações e respostas temos uma conjunção, que equivale a POIS ( = já que, uma vez que, pelo fato de que, como)
É preciso alfabetizar as pessoas digitalmente junto com a superação do analfabetismo básico, porque não dá tempo de fazer uma coisa antes da outra. Nos casos deste item 4 pode-se colocar uma vírgula antes do "porque", a indicar o início de uma oração. Nos exemplos 1 a 3, no entanto, a colocação da vírgula é totalmente imprópria, para não dizer impossível. (*) Maria Tereza de Queiroz Piacentini, autora dos livros "Só Vírgula" e "Só Palavras Compostas", é diretora do Instituto Euclides da Cunha - www.linguabrasil.com.br |
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