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22 de abril del 2002 |
Venezuela Fenômeno Chávez
Newton Carlos
Para entender o "fenômeno Chávez" é preciso saber o que foi a "continuidade democrática" da Venezuela nos últimos quase 50 anos, ao longo dos quais o contingente de pobres ultrapassou a metade dos 23 milhões dos habitantes do país. O grande paradoxo venezuelano é o abismo entre a opulência do Estado, saqueado por uns poucos, e a miséria da grande maioria. Caracas, a capital, é caso único no mundo. A massa de marginais amontoados em favelas ao seu redor é maior (60%) do que a população restante.
A criminalidade tem formas de flagelo, a violência urbana é a maior do mundo. Entre 1976 e 1995, as vendas de petróleo renderam ao Estado 270 bilhões de dólares. Pouco ou nada se fez em matéria de infra-estrutura e se alargaram escandalosas desigualdades sociais. Setenta e um por cento vivem na pobreza. O desemprego pega 21% da população ativa. Quarenta e oito por cento se refugiam na "informalidade", não passam de biscateiros. Dois milhões de crianças estão na miséria, 200 mil não têm outro recurso senão a mendicância. Dois partidos, o social-cristão e a Ação Democrática, se revezavam no poder e serviam-se de imensa riqueza petrolífera para corromper, criando sistemas de subsídios, isenções fiscais, privilégios etc. Coronel em 1992, Hugo Chávez tentou um golpe. Fracassou, foi preso e, depois de indultado, elegeu-se presidente. "A velha política e os velhos partidos estão mortos, só falta sepultá-los", garantia Chávez, procurando ostentar um "poder moral". Chávez, como espécie de entidade "dual", aparece num texto de Gabriel Garcia-Márquez. "É ao mesmo tempo esquerda e direita, nele coexistem de modo constante tensões idealísticas e o mais puro pragmatismo", disse um ex-guerrilheiro, Teodoro Petkoff, criador do "Movimiento hacia el socialismo", hoje eminente jornalista. Os "fidelíssimos" da tropa de choque chavista são egressos da velha guarda de esquerda dos anos 60, como o ex-dirigente comunista Luiz Miquilena, o ministro da Defesa, José Vicente Rangeal, e o ex-guerrilheiro Ali Rodriguez, ministro do Petróleo. Chávez aumentou os salários de 20%, dentro de sua promessa de colocar em prática um modelo "humanista, auto-gerido e competitivo, no qual o principal investimento será em educação, no capital humano". Mas a recessão é de ferro e dois graves problemas persistem, a criminalidade e o alto desemprego. Os venezuelanos na economia informal podem ultrapassar os 50%. É esse imenso contingente, de desempregados e biscateiros, que julga a capacidade de Chávez de lutar contra a corrupção, reduzir a pobreza e melhorar a economia. |
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