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La insignia
10 de abril de 2002


Paraguai

Cidade é totalmente vendida à corporação internacional


Adriana Closs Corrent
Adital. Brasil, 9 de abril.


Assunção (Paraguai).- A Liga Internacional pelos Direitos e a Libertação dos Povos denunciou recentemente à Organização das Nações Unidas (ONU) a situação em que vive a população de uma localidade a Noroeste do Paraguai. A localidade foi vendida por completo -incluindo os próprios habitantes- a uma empresa ligada à seita Moon. A entidade solicitou também que as Nações Unidas intercedam junto ao Congresso paraguaio para que aprove um projeto de expropriação de uma parte dessas terras, em favor dos moradores.

O município paraguaio de Puerto Casado, o território pertencente aos moradores, seu centro urbano, sua igreja, ruas, casas e, inclusive, seus moradores, foram objetos de um contrato de compra e venda entre duas empresas multinacionais. O Grupo empresarial Carlos Casado S.A. transferiu por contrato de compra e venda à empresa Atenil S.A. -dependente da chamada seita Moon- um território de 400.000 hectares, incluindo na operação seus 6.500 habitantes.

"Nós consideramos esta situação uma evidente falta de soberania e de exercício do poder do Governo paraguaio sobre seu próprio território ou, em outras palavras, uma negação do direito de autodeterminação do povo paraguaio diante de poderes empresariais e multinacionais alheios à vida e à organização do povo casadenho", destacou o documento da Liga.

Uma vez consumada a venda da cidade, o caso tornou-se público e as autoridades e os moradores remeteram uma petição ao Congresso Nacional para que fossem expropriados 150.000 hectares que representam o centro urbano e as terras adjacentes, ocupadas pelos casadenhos por mais de 100 anos.

Como parte de um longo processo burocrático, esta petição foi enviada ao Senado paraguaio para que seja tomada uma providência definitiva sobre a controvérsia e para que as reivindicações do povo casadenho, aos grupos empresariais que controlam seu futuro, sejam então atendidas. O Congresso Nacional prolongou a sanção do projeto de lei por causa do poder econômico interessado em possuir essas terras.

"O fato de que (o Senado Paraguaio) atenda à legítima reivindicação da comunidade casadenha de desfrutar de seu espaço vital demonstraria que no Paraguai existe, efetivamente, ação em defesa da soberania do país diante de interesses econômicos multinacionais estrangeiros, respeitando realmente a decisão democraticamente expressada por seu próprio povo", diz a denúncia.



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