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La insignia
24 de julho de 2007


Brasil

O péssimo serviço das companhias aéreas


Otaciel de Oliveira Melo
La Insignia. Brasil, julho de 2007.


A mídia verde-amarela, na ânsia de vender os seus produtos (informações e anúncios) a qualquer preço e de politizar a tragédia ocorrida com o avião da TAM em São Paulo para desgastar a imagem do presidente Lula, está perdendo uma ótima oportunidade de fomentar uma discussão séria a respeito de todos os fatores que concorrem para a insegurança das aeronaves brasileiras nos vôos domésticos. Mesmo as pessoas que viajam de avião esporadicamente, como é o meu caso e o do meu filho, têm notado uma série de mudanças na qualidade dos serviços prestados por essas empresas nestes últimos anos.

Com a falência da Varig, Transbrasil e Vasp -e deixando de lado as pequenas companhias que operam regionalmente-, o espaço aéreo brasileiro passou a ser ocupado basicamente por aviões de outras três grandes empresas: GOL, TAM e BRA. A primeira introduziu no Brasil uma competição feroz cujo objetivo foi o de concorrer até mesmo com o transporte rodoviário de passageiros. E conseguiu. Só para se ter uma idéia da redução de preços das passagens aéreas, a tarifa promocional de uma passagem entre Fortaleza-Recife (cinqüenta minutos de vôo) pode custar R$ 50,00 (U$ 27,00), um pouco mais da metade do preço de uma passagem de ônibus semi-leito para o mesmo percurso. Porém, para conseguir esta façanha inédita na aviação comercial brasileira, a GOL e depois as concorrentes tiveram que optar por uma deterioração nos serviços prestados, no que diz respeito à qualidade e quantidade da alimentação servida a bordo e à supressão de revistas e jornais no interior de suas aeronaves. Aparentemente, isto não tem muita importância quando o usuário faz uma viagem relativamente curta. Porém podemos citar como outro desconforto o fato de que as aeronaves passaram a circular com um número muito maior de passageiros, pois as principais companhias aéreas resolveram diminuir o espaço entre as poltronas dos aviões, aumentando em cerca de 25% a disponibilidade de assentos. O espaço ficou tão irrisório que, quando viajo de avião, eu me sinto como se estivesse dentro de uma lata de sardinhas. Resta saber se este novo arranjo das poltronas foi feito durante a construção dos aviões ou nos hangares das próprias empresas, aqui no Brasil. O fato é que as aeronaves aumentaram de peso (quando explodiu, o Airbus A-320 pesava 62,7 toneladas), sem um aumento correspondente nas suas dimensões. E eu gostaria que me explicassem como o impacto dessa sobrecarga interfere no desempenho dessas aeronaves durante as decolagens e aterrissagens nas dezenas de aeroportos brasileiros, principalmente num aeroporto de pistas relativamente curtas como o de Congonhas, cuja pista principal tem apenas 1900 m e a auxiliar 1500 m.

Porém a conseqüência mais aterrorizante dessa competição desenfreada em busca de passageiros a qualquer custo é a seguinte: independente das causas que motivaram a queda do Airbus A-320 próximo ao aeroporto de Congonhas na semana passada (estamos aguardando a abertura da caixa-preta), os responsáveis pelo gerenciamento da TAM estão colocando a manutenção das aeronaves daquela empresa em segundo plano e menosprezando a inteligência dos brasileiros não envolvidos na politização do acidente. Pela primeira vez em toda minha vida de usuário eu ouvi falar que um avião poderia voar com defeito, por até dez dias. É estarrecedor! Informou um porta-voz da TAM, pela televisão, que o reversor da direita da aeronave que explodiu em Congonhas estava desativado, ou seja, estava sem funcionar parte do sistema de freios daquela aeronave. Ele tentou explicar dizendo que este fato absurdo (o uso de um avião defeituoso por até 10 dias) está justificado nos manuais da Airbus. Diante de tão inusitada explicação, eu gostaria de fazer mais duas perguntas aos leitores deste artigo: já dirigiram um simples carro com defeito no freio da roda dianteira direita? O que acontecia todas as vezes em que vocês tentavam freiá-lo?

Das duas uma: ou a direção da TAM é de um cinismo atroz, ou o fabricante do Airbus precisa imediatamente retificar todos os manuais de seus aviões da série A-320 espalhados pelo mundo.

Para concluir, eu quero me solidarizar com os familiares e amigos das vítimas da terrível tragédia. Eu sei a dor que vocês estão sentindo, pois eu perdi um irmão no acidente envolvendo a aeronave da GOL, em 29 de setembro de 2006. O nome dele? Osman de Oliveira Melo.



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