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31 de maio de 2006 |
Fernando Soares Campos
À medida que os mais humildes revelam esperança no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cresce o ódio que a oposição lhe devota. A cada ponto percentual que indica a provável reeleição de Lula, seus opositores entram em pânico e encontram os mais esfarrapados motivos para manifestar suas cóleras. Nos primeiros momentos da crise política deflagrada pelas denuncias do caixa 2 petista e o suposto "mensalão", quando setores da imprensa decretavam a extinção do PT, alguns políticos da dobradinha PSDB/PFL declaravam-se "decepcionados" com o PT, como se, em qualquer época, tivessem nutrido alguma admiração pelo partido. Nunca é demais lembrar que o senador Jorge Bornhausen (PLL-SC) festejou: "Estou encantado, porque estaremos livres desta raça pelos próximos 30 anos". Ainda bem recente, o candidato do PSDB à Presidência da república, Geraldo Alckmin, declarou que "O governo Lula acabou no ano passado"; o mesmo Alckmin que há poucas semanas visitou o Nordeste e fez discursos em salas fechadas, tendo como platéia (claque) alguns caciques políticos regionais do Vale do Cariri.
Entretanto o ódio e o desespero expressos pela oposição, através da mesquinhez de palavras, gestos e ações contra o governo Lula, são perfeitamente compreensíveis. Incompreensível, para esses políticos intoxicados pelo próprio veneno, é o carinho que o povo tem dedicado ao presidente, mesmo depois do massacre midiático. Eles ainda não entenderam por que o povo não sucumbiu aos apelos da mídia-empresa. Nos primeiros momentos da deflagração do plano golpista, entre julho e outubro de 2005, quem usava os transportes coletivos, freqüentava filas de bancos, de hospitais, de caixas de supermercado, entre tantas outras, podia ouvir ou participar de discretas discussões sobre as acusações bombásticas que os meios de comunicação de massa alardeavam sobre as declarações do ex-deputado Roberto Jefferson, que denunciou um suposto esquema de compra de votos de parlamentares da base de apoio ao governo. Além dos telejornais, o assunto passou a ocupar espaço nos programas religiosos, esportivos e culturais. Jornais e revistas trataram do assunto até nas seções de óbito, mas principalmente nas páginas policiais. A classe média não dormia sem as últimas do dia: as galhofas do showman Jô Soares. As tribunas do Congresso foram transformadas em palanques e as salas da CPMIs em auditório de tevê. Vivemos hoje os últimos episódios desse deprimente espetáculo macarthista, onde figurinhas como ACM Neto e Rodriguinho Maia realizaram seus ritos de passagem, consagrando-se legítimos herdeiros e porta-vozes da nova leva de políticos representantes das oligarquias que há 500 anos mantinham o controle do poder institucional. Por que a popularidade do presidente Lula balança, mas não cai? Muitas são as teorias que tentam explicar o crescimento da popularidade do presidente Lula entre as camadas mais humildes. Algumas se assemelham ao balanço depois da mijada. Ou seja, a oposição mija, mas no final balança o pau e respinga no seu próprio olho. Sim, este pode ser um dos fatores. Recentemente o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, criticou o seu sucessor no governo do Estado de São Paulo, dizendo que ele próprio, o ex-governador, havia enfrentado 29 rebeliões simultâneas nos presídios daquele Estado, quando estava à frente da administração estadual. Fala um troço desses como se tal fato depusesse a favor de uma suposta competência administrativa. Senhor governador, Vossa ex-Excelência não vê que as próprias rebeliões, por si mesmas, depõem contra a vossa administração? Competência não é saber controlar rebeliões, como o senhor está tentando fazer crer, competência de verdade é evitá-las através de medidas corretas no trato com o sistema carcerário. Que tal começar oferecendo assistência jurídica aos milhares de presos que já cumpriram suas penas, mas que permanecem presos, superlotando os presídios? Enquanto isso, a popularidade do presidente Lula balança na subida, a reboque de uma poderosa força, uma locomotiva chamada "assistência aos outrora esquecidos". A essa locomotiva estão atrelados vagões como: Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar). O programa de apoio ao desenvolvimento rural, a partir do fortalecimento da agricultura familiar como segmento gerador de postos de trabalho e renda. Prouni (Programa Universidade para Todos), o maior programa de bolsas de estudos da história da educação brasileira, que no seu primeiro processo seletivo ofereceu 112 mil bolsas integrais e parciais em 1.142 instituições de ensino superior de todo o país. É o maior número de vagas criadas na educação superior em apenas um ano. Nos próximos quatro anos, o programa deverá oferecer 400 mil novas bolsas de estudos. O Programa Bolsa Família (PBF), que é um programa de transferência direta de renda com condicionalidades que beneficia famílias pobres (com renda mensal por pessoa de R$ 60,01 a R$ 120,00) e extremamente pobres (com renda mensal por pessoal de até R$ 60,00). Ao entrar no Bolsa Família, a família se compromete a manter suas crianças e adolescentes em idade escolar freqüentando a escola e a cumprir os cuidados básicos em saúde: o calendário de vacinação, para as crianças entre 0 e 6 anos, e a agenda pré e pós-natal para as gestantes e mães em amamentação. Luz para Todos, um programa destinado a acabar com a exclusão elétrica no país. É o programa que tem o objetivo de levar energia elétrica para 10 milhões de pessoas do meio rural até 2008. Já tendo alcançado, até o presente, 3 milhões de beneficiados. Programa de financiamento Cidadão Conectado Computador para Todos, cujo objetivo é promover a inclusão digital da população, proporcionando melhores condições para a compra de microcomputadores novos produzidos no país, com sistema operacional e aplicativos em software livre e recursos para acesso à Internet. Até os pescadores, uma categoria de trabalhadores há séculos esquecidos pelas autoridades constituídas, estão tendo sua vez. Foi criado o Seguro-Defeso a fim de controlar a pesca em todo o território nacional. O seguro paga, até quatro meses por ano, um salário mínimo ao pescador artesanal durante o período em que a captura de pescados está proibida pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Essa proibição varia de época para cada espécie e visa a sua preservação. Farmácias Populares, Fome Zero, assentamentos rurais, crédito para a compra, reforma e construção da casa própria... Um balanço divulgado pelo Ministério da Justiça revela: "Entre os anos de 2000 a 2005, as ações da Polícia Federal no combate ao crime cresceram 815%. Durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Polícia Federal realizou 183 operações e 2.961 prisões - uma média de 987 presos por ano. Já nos dois últimos anos do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, foram realizadas apenas 20 operações, com a prisão de 54 pessoas, ou seja, uma média de 27 capturas por ano. O balanço foi divulgado pelo Ministério da Justiça". Ou seja, o governo Lula fez a cada ano o que o governo Fernando Henrique Cardoso (PMDB-SP) faria (?) a cada 36 anos e meio. Porém, considerando que as operações da Polícia Federal em 2006 estão sendo intensificadas, certamente o próximo balanço, que incluirá as centenas de corruptos presos este ano, tende a alterar os números e revelará que nenhum outro governo promoveu a moralização das instituições públicas como o governo Lula. Algumas das operações bem-sucedidas: Operação Cavalo de Aço (roubo de cargas); Operação Mar Azul (auditores da receita federal); Operação Faroeste (grilagem de terras); Operação Sentinela (Tribunal de Contas da União); Operação Sanguessuga (compra de ambulâncias superfaturadas). As cenas de pessoas que embarcam e desembarcam em viaturas policiais sofreu uma ligeira modificação no visual: não faz muitos anos, os casos se restringiam a alguns traficantes de droga, trombadinhas e eventuais assassinos de classe média. Agora as mesmas cenas se repetem quase diariamente, desta vez no atacado, com assessores de parlamentar, advogados, técnicos de secretarias, comerciantes, lobistas e até ex-deputados federais algemados e conduzidos às carceragens. O criminoso pé-de-chinelo, usando bermudão, já não é mais estrela dos noticiários policiais de tevê. Desta vez os meliantes usam ternos Armani ou vestidos de grife. (Dei uma paradinha e fui conferir uma reportagem no Jornal Nacional. Pelo tom dramático do âncora, pensei que se tratava de uma grande novidade, mas não é nada demais, é apenas um banqueiro sendo preso. ) Talvez essas ações justifiquem a popularidade do presidente Lula, pois os outros fatores, como superávit na balança comercial, estabilidade econômica, carga tributária, PIB, etc. são lidos e entendidos pela classe média. Mas essa tem a cabeça mais dura que o povão. Finalmente, quando lhe perguntaram sobre o seu comportamento na próxima campanha eleitoral, o presidente Lula disse que vai continuar sendo o "Lulinha paz e amor". O que você acha? |
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