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La insignia
14 de fevereiro de 2006


Brasil

Garanhão


Fernando Soares Campos
La Insignia. Brasil, fevereiro de 2006.


Indicaram-me um artigo publicado no Centro de Mídia Independente (CMI-Brasil) (1) intitulado "Fernandão, o garanhão". Aí me arrepiei! Pensei: "Pronto, descobriram que como todas! E agora?! Como vou me explicar lá em casa?!". Corri o mouse com a mão nervosa e abri a página. Para tranqüilidade geral da minha prole, que não vai ter que dividir os minguados caraminguás com os quais a mantenho com um filho adulterino que, por descuido, eu pudesse ter feito numas coxas que se me ofereceram generosamente, tratava-se de outro Fernandão garanhão: "As relações globais do nosso querido ex-presidente", abre o artigo assinado por Waldir Leite - jornalista.

Ele nos conta que em 16 e 17 de setembro (não cita o ano, mas a matéria foi postada no CMI-Brasil em 10/02/2003) realizou-se no Fórum da Cidade do Rio de Janeiro o seminário DEMOCRACIA, IMPRENSA E JUDICIÁRIO, promovido pela Escola de Magistratura do Rio de Janeiro. Os participantes do evento resolveram colocar na pauta de discussão "a forma como a imprensa brasileira é [era] condescendente com o Presidente da República". E foi sob esse tema que "...um jurista citou como exemplo de conivência jornalística o romance do presidente Fernando Henrique Cardoso com a jornalista da TV Globo Miriam Dutra". Até aí, não considerei propriamente "um exemplo de conivência jornalística"; mesmo me lembrando do caso da ex-companheira de Lula explorada pela campanha do seu adversário nas eleições de 1989, com a conivência dos mais poderosos órgãos da imprensa nacional, pois se tratava de um caso pessoal, e respeito a vida privada das pessoas.

"Muitos advogados presentes ao evento não sabiam do fato e reagiram com surpresa e indignação quando um jornalista afirmou que toda a imprensa brasileira sabe disso. E nesses oito anos de governo ninguém tocou no assunto."

Inveja desses advogados! - imaginei - Tudo morrendo de inveja do garanhão FHC.

- Deixem o comeketo em paz, rapazes! Façam como ele: vão à luta!

Continuei a leitura.

"Muito antes de ser presidente, Fernando Henrique sempre foi um conhecido garanhão da política brasileira. As mulheres sempre ficaram encantadas com o seu charme e sua pose de estadista [existe mau gosto pra tudo]. Em Brasília, o escritório de FHC também era utilizado como garçoniere, para usar uma expressão da geração dele. Era no escritório-garçoniére que o então candidato à Presidência da República mantinha encontros com uma de suas amantes, a correspondente da TV Globo em Brasília Miriam Dutra. Quando FHC cresceu nas pesquisas para presidente, a ambiciosa jornalista, pensando no seu futuro pessoal e profissional aplicou aquele velho golpe que louras oxigenadas costumam dar em pagodeiros e jogadores de futebol. Deu uma chave de b.... em FHC e engravidou. A ardilosa jornalista passou a carregar um furo de reportagem em seu próprio ventre. Um filho daquele que seria o próximo presidente da República do Brasil."

Aí a coisa realmente mudou de figura, apesar de ainda se manter, a meu ver, no âmbito pessoal... privado, para usar um termo mais ao gosto de Sua ex-Excelência.

"Ao saber que a amante estava grávida Fernando Henrique entrou em pânico. Afinal, como diria outro Fernando [não sou eu, juro!], aquilo era nitroglicerina pura. FHC tentou convencer a amante a fazer um aborto, mas ela riu da cara dele. A mulher não ia jogar fora o seu pé de meia. Sua caderneta de poupança. Foi aí que entrou em ação a operação abafa. Como ela era correspondente da Globo, imediatamente foi transferida para a Espanha, com um salário milionário, sem obrigação de fazer nada. Apenas ficar calada e quietinha, cuidando do filho bastardo do presidente."

Diz o autor que os advogados que participavam do seminário arriaram o queixo com aquela história. Ninguém entendia por que a imprensa jamais havia tratado do assunto, afinal, a história envolvia o presidente da República. Logo devem ter relacionado o caso com o de Lula na disputa com Collor, uma tremenda sacanagem que fizeram com o candidato do PT. Também devem ter-se lembrado de Bill Clinton sendo quase linchado por causa de um simples boquete da Mônica Lewinsky, enquanto aqui, nas nossas barbas, o FHC mandava uma barrigada na Miriam Dutra, jornalista da Rede Globo de Televisão, despachava a moça para a Espanha e ficava tudo na maior moita. Eu também não entendi o porquê de tanto abafa, nem como conseguiam isso. Mas existe uma teoria a respeito do silêncio.

Vejamos o que diz Kika Martins (2) a respeito do caso:

"Tomás Dutra Schmidt, filho não assumido de Fernando Henrique Cardoso e Miriam Dutra Schmidt (a Miriam Dutra, ex-repórter do Jornal Nacional em Brasília) nasceu no dia 26 de setembro de 1991, conforme certidão de nascimento do Cartório Marcelo Ribas (Brasília - DF). Vive hoje com sua mãe e tia em um dos mais caros e sofisticados bairros da Europa, em Barcelona. Agora se vocês querem saber como isso nunca foi notícia na grande imprensa, leiam Caros Amigos - ano IV número 37 - abril de 2000. A matéria é assinada por Palmério Dória e outros. O título é: "Um fato jornalístico". A pergunta é quanto custou este silêncio. A portaria do Ministério da Fazenda 04/1994, por exemplo, que isenta todos os meios de comunicação "e sua cadeia produtiva" da CPMF [Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira] é só um começo de conversa. E o Proer da Mídia no final do ano 2000 custou US$ 3 bilhões ou US$ 6 bilhões, um ajuste de contrato. Agora bom mesmo é procurar no Siafi o quanto foi efetivamente gasto em propaganda no Orçamento Federal de 1994 a 2002".

Bom, acho que a conivência está, em parte, explicada. Mas que custou caro pra todos nós, isso é verdade. É por essa e por outras que a contribuição provisória (CPMF) foi reajustada no governo FHC: para cobrir isenções providenciais. Até parece que todos nós, brasileiros e brasileiras, somos pais dessa criança.


(1) http://brasil.indymedia.org/pt/blue/2003/02/247327.shtml
(2) www.kikamartins.blogspot.com



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