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25 de junho de 2005 |
Luís Carlos Lopes
Nos tempos que correm, o verossímil, isto é, aquilo que parece ser verdadeiro, é a tônica do exercício midiático. Não há uma oposição entre o verdadeiro - pode haver mais de uma verdade - e o que parece ser. A verossimilhança é uma construção argumentativa que não é compreensível no diálogo pobre entre as noções de verdades e mentiras. Estas dependem dos interesses e das posições dos sujeitos que as proferem.
As mídias tendem a preferir o verossímil, abandonando o trabalho de investigar as várias verdades possíveis. Usá-lo é muito prático e eficiente. Apresenta-se algo acabado e fácil de ser acreditado pelo grande público. Este modo de construir a opinião é universal, com variações e mutações adaptadas às exigências maiores ou menores dos sujeitos envolvidos na produção do convencimento. Uma das vantagens do verossímil é que ele não obriga ninguém - emissor ou receptor - a ter que pensar muito para articular sua argumentação. Ela sai pronta, num átimo, sem maiores delongas. Não se deve confundi-lo com a mentira pura e simples. A impostura retórica é um gigante com pés de barro. Necessita da grandiloqüência e da subserviência de um público que está pronto para ser enganado. Ela está no domínio da servidão voluntária, aliás, tão comum na modernidade. A construção do que parece ser verdade precisa ter elementos desta, necessita ser plausível e aceitável. Para levantá-lo é preciso ter alguma autoridade e até mesmo se auto-incriminar. O argumento verossímil ganha este status porque há certeza de que o dito relaciona-se de algum modo com problemas da realidade material. Só os mais ingênuos acreditam que a verossimilhança é a expressão exata do que ocorreu, e que há a intenção de se reproduzir com exatidão o que se viveu. De certo modo, a real politik de nosso tempo é tributária do que parece ser. Não importando mais as verdades que cada classe ou grupo sociais possam construir e defender. Estas não despertam maior interesse. Muito raramente, disputam espaço no universo das grandes mídias e de seus públicos. |
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