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15 de outubro de 2004 |
Baby Pignatari: O playboy empreendedor
Luís Nassif
No universo dos biografáveis brasileiros, dificilmente se encontrará personagem mais instigante que Baby Pignatari. Hoje em dia, pouco se fala nele. Nos anos 50 e 60 era personagem mundial, um playboy que cortejava todas as atrizes de Hollywood, um empreendedor fantástico, uma lenda em vida, um mistério depois de morto.
Lá pelos idos de 1960, o romancista Harold Robbins escreveu uma semificção sobre a vida do bilionário norte-americano Howard Hughes. Pois Baby era o nosso Hughes. Era Pignatari e era Matarazzo, filho de uma prima do conde Francisco Matarazzo. Empreendedor nato, tinha fábricas de purpurina, minas de cobre no sul do país e uma fábrica de aviões de aeroclube, os Paulistinhas, ainda hoje bastante conhecidos. Quando Assis Chateaubriand lançou a campanha nacional para a criação de aeroclubes, impulsionou extraordinariamente a produção dos Paulistinhas. Em troca, Baby o presenteou com um Rolls Royce. Nasceu em 1916, morreu em 1977. Pelo tanto que fez, parecia ter vivido muito mais que seus 60 anos. Em fins dos anos 40 construiu uma mansão, onde hoje em dia é o parque Burle Marx, adquirido pela Bunge & Born. Era uma chácara em plena São Paulo, de 138 mil metros quadrados, com os jardins desenhados por Burle Marx, a casa projetada por Oscar Niemeyer. Quando eu era moleque, nos anos 60, Baby já era uma lenda viva. Namorara as mais belas atrizes do cinema norte-americana de Zsa Zsa Gabor e Linda Christian. No mundo, fazia parte do primeiro time dos playboys internacionais, ao lado de Porfírio Rubirosa, Ali Khan, Aristóteles Onassis e Hughes. No Brasil, foi um dos membros mais ilustres do "Clube dos Cafajestes", que juntava a fina flor dos conquistadores brasileiros nos anos 50, gente como Jorginho Guinle, Mariozinho de Oliveira, Sérgio Porto, Heleno de Freitas. Além da lábia e do dinheiro, era um deus peninsular, um galã à altura de Marcelo Mastroiani e um esportista nato, que chegou a disputar as corridas de Le Mans e Silverstone com uma BMW 2800 CS. Seu avião particular era um Electra, o mesmo avião que operava a ponte Rio-São Paulo. Era inacreditável que, namorando tantas, aprontando tantas e bebendo todas, ainda tivesse tempo para exercitar um empreendedorismo quase inédito para o país daqueles anos. Depois de namorar todas as atrizes de Hollywood, nos anos 60 apaixonou-se pela princesa Ira de Furstenberg, 24 anos mais nova que ele. Seqüestrou a princesa de seu marido e a trouxe para o país, para glória geral dos machões brasileiros. Não era uma princesa qualquer. Ira era descendente do bispo de Strassburgo, que provocou uma guerra entre a França e os principados alemães. Era relações-públicas do figurinista Valentino e sua mãe era uma autêntica Agnelli, da Fiat. A princesa havia se casado com 15 anos e as bodas duraram 16 dias. Cinco anos depois, no esplendor dos 20 anos, largou tudo e fugiu com Baby. Casaram-se em 1961, separaram-se em 1964, mas a paixão persistiu por muitos e muitos anos, gerando um número infindável de reportagens e seqüestros apaixonados. No final da vida, Baby cismou em explorar uma mina de cobre na Bahia, a Caraíba Metais. Durante alguns anos, já no final do empreendimento, seu principal executivo foi Justo Pinheiro da Fonseca, pai dos Gianetti da Fonseca. Enterrou-se ali, nas enormes dificuldades de exploração da mina. Casou-se novamente, faleceu pouco depois. E a aventura prosseguiu depois de morto. Tinha um filho dependente de drogas. Advogados espertos conseguiram desinterditar o rapaz. Ganhou um preceptor e, em pouco tempo, a fortuna de Baby virou pó. Do dinheiro que a Bunge pagou pela Panamby, o que chegou aos bolsos dos herdeiros não dava para comprar um Opala. Na seqüência, houve uma série de mortes de herdeiros, o filho, a viúva, pessoas do meio. Provavelmente, apenas coincidência. Mas sua biografia está à espera de um Harold Robbins brasileiro, com disposição para desvendar seus mistérios. |
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