Mapa del sitio | ![]() |
Portada | ![]() |
Redacción | ![]() |
Colabora | ![]() |
Enlaces | ![]() |
Buscador | ![]() |
Correo |
![]() |
![]() |
23 de maio de 2004 |
Serendipity
Millôr Fernandes
Foi Chico Caruso, o grande (como desenhista e no tamanho), quem provocou, enquanto me servia uma dose de uísque de uma garrafa particular quem tem em sociedade com Fausto Wolff , o enorme, em determinado bar, que não nomeio para não arranjarmos mais sócios. Perguntou o que era serendipity que acabava de aprender. Sem precisão respondi-lhe que era algo metafísico, uma procura metafísica.
Mas fui buscar mais precisamente, em nome do uísque de graça. É uma bela criação de Horace Walpole para denotar encontros ocasionais importantes enquanto estamos procurando outra coisa. Estranho que a palavra, tão usada em várias línguas no século XX, não tenha chegado ao português. Foi usada até por Joyce em Finnegans Wake: "You semisemitic serendipist, you (I think that describes you) Europasianised affteryank!" A verdade é que o Brasil é uma grande serendipitada. Foi descoberto, segundo a lenda, quando Cabral procurava as Indias. Só encontrou as índias, belas, "com suas vergonhas muito limpas", e nuas e até achou muito bom: "Não tem tu vai tu mesmo". Agora, 500 anos depois, o Brasil de novo se abre à serendipity. Quando tentávamos incorporar os índios nós os transformamos em cidadãos corruptos e raivosos. |
|